segunda-feira, 31 de julho de 2006

política I: província

Existem 3 candidatos que realmente possuem chances de ganhar a eleição para o Senado Federal aqui na Bahia: Rodolfo Tourinho, do PFL, Antônio Imbassahy, do PSDB e João Durval, do PDT. Salvo engano desde 1986 não se elege um senador no Estado que não saia do grupo comandado(ou hoje, nem mais tão comandado; talvez seja mais apropriado usar o "centralizado na figura do" ) pelo senador, cacique, pai, babalorixá, Antônio Carlos Magalhães. Desde a saída de Imbassahy do PFL, ano passado, especulava-se que nunca em muito tempo houve chance tamanha de isso acontecer, no que eu mesmo concordava. Mas política é algo bastante fluido e muito me diz que não vai ser tão fácil para o PSDB ter um senador...e talvez para isso unam-se PT, PDT e PFL.

1 . O Petismo...

O PT, ao contrário do que tradicionalmente faz, não lançou candidato ao Senado , limitando-se a um apoio informal a João Durval. Não pode ir além desse apoio informal devido à verticalização que impede que dois partidos com candidato próprio à Presidência da República, coliguem-se nos Estados. Chegou-se a cogitar que o PMDB, que aqui se coligou aos petistas poderia lançar um candidato ao Senado, coisa que não teve andamento, vez que Geddel não poria em risco seu mandato de deputado federal. A grande surpresa, aliás, foi o apoio do peemedebista ao PT, já que sempre foi considerado um fiel aos tucanos nacionais. Do jeito que ficou, o PT apóia João Durval, mas não pode deixar explícito isso no material de campanha.

2. Os Carneiros

Dificilmente um comportamento pode ser tão tatibitate quanto o do prefeito de Salvador, João Henrique, filho do candidato pedetista ao Senado. Em meio a uma base aliada que mistura tucanos, petistas, peemedebistas e mais outros num balaio de 15 partidos, com uma prefeitura no limite orçamentário ( ou deste já passado), o prefeito dividiu-se entre a fidelidade a um partido que desde o começo o apoiou(PSDB) , a um que o apoiou no segundo turno da eleição de 2004, hoje com o governo federal e suas apetitosas verbas(PT- ainda que essas verbas não tenham sido lá tão generosas assim) e o que detém o governo do Estado ( PFL). Resumo da ópera: JH faz mais uma prefeitura cosmética, vai levando a administração num banho-maria que se não destrói, pouco faz de inovador à cidade e degolando crises: denúncia no governo, problemas entre a base aliada, seu próprio partido e seus familiares além da corrida eleitoral, claro.
Depois de fechar um acordo com o PSDB, o PDT refugou, vez que a verticalização das candidaturas foi mantida. Foi então que o prefeito declarou apoio ao PT, negou, declarou apoio novamente, ficou calado, para só aí então, há um dia do fim do registro das candidaturas, seu partido coligar-se com o laranja Átilia Brandão do nanico PSC.
Mas isso não é tudo. A base aliada já reclama que o prefeito movimenta a máquina municipal para eleger sua esposa, seus irmãos e seu cunhado no pleito de 06. Isso sem falar no "rompimento branco" da aliança com o PSDB citada no parágrafo anterior, já que Durval agora é candidato a uma vaga que os tucanos esperavam certa, caso fosse Imbassahy o único candidato da oposição.

3. Carlismo

O PFL lançou seu candidato mais fraco ao Senado em muito tempo(Er... Houve César Borges em 2002, mas os votos do interior ainda garantiram a vaga), principalmente se se levar em conta o perfil do candidato-chave dessa eleição, que é o agora tucano Antônio Imbassahy, extremamente forte na capital e possivelmente bem votado em cidades maiores do interior. Rodolfo Tourinho participa de sua primeira campanha e sofre certos riscos de não vencer, o que se não é uma derrota fragorosa do grupo de ACM, já é um arranhão no conjunto de vitórias alcançados desde 1990.


Ainda não vi nenhum comentário a respeito, mas arrisco um palpite: Vejo grandes chances de que o PFL apóie Durval (um apoio não explícito, mas uma recomendação interna de voto às bases, p. ex.) se ficar claro que Tourinho não possa ganhar. Uma derrota de Imbassahy seria uma derrota imposta aos "traidores"( vale dar uma olhada no discurso em Feira, semana passada) e ao pedaço do PSDB baiano que não quis se alinhar às candidaturas do PFL *. Além do mais, uma vitória de João Durval nessas circunstâncias, no mínimo deixaria o prefeito da capital numa situação embaraçosa, o que renderia dividendos políticos ao PFL já em 2008.

É assim que sem perceber (?) PDT e PT estão carlinizando-se.


* do ponto de vista nacional, pode-se até questionar os motivos, mas estes não são tão relevantes para este texto.

Nenhum comentário: