domingo, 15 de outubro de 2006

confronto com a euforia


Já tinha dito que faz um tempo que eu teria contraído uma espécie de "hanseníase mental" , o que seria uma reação de não me emocionar mais com muitos eventos que acontecessem comigo. Isso passou por um tempo, de certa forma eu cresci, não era mais uma pessoa tão eufórica, talvez um pouco mais cínica e mais esse tipo de coisa pela qual todo mundo passa e por repetitivo, relatar em palavras pode soar mais idiota do que realmente é.
Achei que isso havia passado, mas parece que volta com certa força. Não que eu esteja arriscando-me a novas emoções, pouco saí de casa neste ano que já mais perto do fim que do começo está e que serviu mais para eu arrumar um pouco a cabeça- O diabo é que sinto que todo ano falo isso e de tanto arrumar a cabeça, acabo por destruir as possibilidades de diverti-la um tanto.
Pouco tenho feito que não acompanhar política e os acontecimentos da faculdade, o que não é lá grande coisa quando feitas de modo insuficiente. A sensação é de que se perde tempo e que não se sabe muito o que fazer para melhorar- ainda mais se às vezes parece que vou sair da faculdade sabendo menos do que deveria, com notas abaixo do esperado(ok, não dê bola para notas, são apenas notas) e bem, com pouca coisa para contar além desse pouquinho.
Ora, estou entre os que ganharam o Centro Acadêmico! Oh, o Centro Acadêmico!


Não há muito a contar, parece que estou esperando demais. As garotas bonitas estão passando ali, olha lá, do outro lado da rua, estou indo, estou indo.

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Veja bem, acho que é isso que se chama de "crise criativa", né? A diferença é que a crise não é só para "criar".

domingo, 8 de outubro de 2006

A- Fica assim: Outros posts sobre as eleições essa semana, ok?
B- Meu grau de alienação(da vida, das coisas) mede-se nisso: Só hoje soube que o acidente da Gol foi no Mato Grosso. Eu estava crente de que havia sido na Amazônia.
C- "Eu só falo de política e putaria". - é brincadeira, claro, mas é quase isso.
D- Entenda o palavrão daí de cima em um sentido bem amplo, por favor.
E- Mais uma semana sem ler jornal(na verdade, eu li terça-feira o "A TARDE", mas...) e eu vou sair agredindo todo mundo.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

eleições i: a cê eme

Sem sombra de dúvidas, a grande surpresa deste primeiro turno foi a derrota total dos "carlistas": perderam o governo da Bahia, uma cadeira no Senado e tiveram sua bancada reduzida tanto na Câmara quanto na Assembléia. Como boa parte dos analistas já disse, isso não significa o fim do grupo liderado( já não tanto mais) por ACM, mas sim um forte baque, vez que boa parte da estrutura de poder do grupo está ligada ao acesso de prefeituras ao governo do Estado, além dos cargos na burocracia. Caso Lula vença as eleições, ACM estará numa situação inédita da vida: Oposição aos governos federal, estadual e municipal(da capital- Salvador). Só aí é que se notará quão fortes são as ligações que mantêm o "carlismo" de pé. É algo a se conferir.
O que houve de estranhamento nessa derrota é que as pesquisas desde o início da campanha indicavam uma vitória folgada de Paulo Souto. Bastou sair o resultado e já o governador recém-eleito da Bahia, Jaques Wagner, deixava sob suspeita o IBOPE- relembrando, inclusive as pesquisas de 2002, que padeceram do mesmo mal. Não faltou quem alegasse má-fé do instituto, que estaria tercerizando as pesquisas em alguns Estados, agindo em conluio com o grupo político do Senador. Isto realmente é algo no qual eu não acredito e não porque eu tenha fé no mundo e ache todas as pessoas puras e castas, mas é que não vi indícios mais concretos disso do que a mera intuição de algumas pessoas- todas elas nutrindo antipatia mortal ao carlismo- o que não é nenhum problema desde que a análise não seja turvada pela vontade.
Já é velha essa história de que "pesquisas manipulam" e durante muito tempo este foi o discurso do PT, num vitimismo bem típico dos 22 anos iniciais do partido. Ao que me parece, o que houve apenas foi um erro do instituto em não verificar uma tendência(bem difícil de ser sentida,aliás) no sentido do aumento de votos para Wagner e na redução de Paulo Souto. Foi-me dito que nas pesquisas do IBOPE, Souto tinha somente 30% das intenções de voto e 70% das pessoas manifestavam intenção de "mudança". Não foi à toa que o pefelista tinha como mote de campanha "Uma nova Bahia a cada dia". Ademais, a tendência de subida do petista foi SIM notada( dos 15 aos 19, depois aos 31, aos 41 e então aos 49 da boca de urna; tudo em porcentagem, claro), talvez não exatamente do modo que ocorreu. O instituto alega que a mudança de voto ocorreu nos dois dias antecedentes ao pleito, o que não é impossível, mas também é algo extremamente complicado de se comprovar.
Mas o que fez a vitória do petismo na Bahia?

Quatro pontos são fundamentais, penso. Eles:

1- Desgaste de um grupo há 16 anos no poder.
ACM só virou prefeito de Salvador em 67, não era este poderoso todo que hoje é. Nos anos 70, assumiu a Eletrobrás e só depois virou governador da Bahia, o que seria repetido mais duas vezes, consolidando definitivamente o domínio dele sobre a Bahia(Se bem que o terceiro mandato foi em 90). Repare que no período de 70-85
estamos na ditadura militar. Nas primeiras eleições com governo civil instituído( 86) o grupo teve uma derrota fragorosa, acachapante para o PMDB(e dissidências do PDS) de Waldir Pires. Em 90 o grupo retorna à máquina do Estado para só agora ser derrotado. Reparem que de 70 a 06 temos 36 anos. Destes, 20 foram sob ditadura apóiada por ACM. Em democracia é bastante difícil um grupo manter-se no poder por mais que 15, 20 anos. Há um desgaste de quadros e práticas, só resolvido com a transição democrática. Vale notar ainda que a dianteira nas pesquisas tolheu a humildade(e a disposição para fazer campanha até o fim).

2- Lula

O presidente é um político extremamente popular na Bahia e na região Nordeste, principalmente entre as camadas mais pobres. A colagem da imagem de Wagner a Lula só trouxe bônus ao primeiro, ainda mais que a popularidade de Lula inibiu boa parte dos políticos do grupo carlista de se assumirem defensores da candidatura Alckmin- uma candidatura com problemas para subir durante a campanha. Tudo isso aliado ao candidato "pesado" ao Senado Federal, só prejudicou a campanha pefelista e motivou os petistas.

3- Racha interno

Essa é mais uma aposta minha, baseada em declarações do governador eleito. No debate que antecedeu as eleições e na entrevista pós-resultado, Wagner referiu-se a apoios da "banda B do PFL" e de "cisões do PL". Ora, ambos são os grandes partidos da base carlista na Bahia, sendo que existem municípios no qual o governo é de um, a oposição de outro( o mesmo valendo para o PP e uns partidos menores, PTN, PT do B, PRP...). É muito improvável que sem apoio de alguns desses grupos e de alguns prefeitos, Wagner vencesse( e muito bem) como venceu em cidades mais diversas do interior: De Cruz das Almas à Eunapólis, de Salvador e Feira à Cachoeira, passando por Santa Bárbara, Brumado, Ilhéus e Angüera. Foram diversas vitórias no interior( e mesmo nas cidades em que perdeu, Wagner perdeu com menor diferença dos lugares onde o pefelista perdeu).

4- Alianças

Relacionado com o ponto 3, há a aliança com o PMDB, que garantiu mais estrutura nos municípios, dada a capilaridade do partido de Geddel.

Foi desse modo que aconteceu a grande surpresa destas eleições.

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PS: Minha antevisão das eleições do Senado deu com os burros n´água. Ao menos, do modo como imaginei. ACM não desistiu da candidatura Tourinho, levou até o fim(e ele até teve uma boa votação considerando de onde partiu) e Durval levou a vaga. Mas se errei por um lado, algo parecido(só que não centralizado) pode ter ocorrido, ao menos em Feira de Santana ocorreu. Boa parte dos carlistas correu para votar em Durval. O negócio é que alguns parecem ter corrido para Wagner também.