segunda-feira, 31 de julho de 2006

política I: província

Existem 3 candidatos que realmente possuem chances de ganhar a eleição para o Senado Federal aqui na Bahia: Rodolfo Tourinho, do PFL, Antônio Imbassahy, do PSDB e João Durval, do PDT. Salvo engano desde 1986 não se elege um senador no Estado que não saia do grupo comandado(ou hoje, nem mais tão comandado; talvez seja mais apropriado usar o "centralizado na figura do" ) pelo senador, cacique, pai, babalorixá, Antônio Carlos Magalhães. Desde a saída de Imbassahy do PFL, ano passado, especulava-se que nunca em muito tempo houve chance tamanha de isso acontecer, no que eu mesmo concordava. Mas política é algo bastante fluido e muito me diz que não vai ser tão fácil para o PSDB ter um senador...e talvez para isso unam-se PT, PDT e PFL.

1 . O Petismo...

O PT, ao contrário do que tradicionalmente faz, não lançou candidato ao Senado , limitando-se a um apoio informal a João Durval. Não pode ir além desse apoio informal devido à verticalização que impede que dois partidos com candidato próprio à Presidência da República, coliguem-se nos Estados. Chegou-se a cogitar que o PMDB, que aqui se coligou aos petistas poderia lançar um candidato ao Senado, coisa que não teve andamento, vez que Geddel não poria em risco seu mandato de deputado federal. A grande surpresa, aliás, foi o apoio do peemedebista ao PT, já que sempre foi considerado um fiel aos tucanos nacionais. Do jeito que ficou, o PT apóia João Durval, mas não pode deixar explícito isso no material de campanha.

2. Os Carneiros

Dificilmente um comportamento pode ser tão tatibitate quanto o do prefeito de Salvador, João Henrique, filho do candidato pedetista ao Senado. Em meio a uma base aliada que mistura tucanos, petistas, peemedebistas e mais outros num balaio de 15 partidos, com uma prefeitura no limite orçamentário ( ou deste já passado), o prefeito dividiu-se entre a fidelidade a um partido que desde o começo o apoiou(PSDB) , a um que o apoiou no segundo turno da eleição de 2004, hoje com o governo federal e suas apetitosas verbas(PT- ainda que essas verbas não tenham sido lá tão generosas assim) e o que detém o governo do Estado ( PFL). Resumo da ópera: JH faz mais uma prefeitura cosmética, vai levando a administração num banho-maria que se não destrói, pouco faz de inovador à cidade e degolando crises: denúncia no governo, problemas entre a base aliada, seu próprio partido e seus familiares além da corrida eleitoral, claro.
Depois de fechar um acordo com o PSDB, o PDT refugou, vez que a verticalização das candidaturas foi mantida. Foi então que o prefeito declarou apoio ao PT, negou, declarou apoio novamente, ficou calado, para só aí então, há um dia do fim do registro das candidaturas, seu partido coligar-se com o laranja Átilia Brandão do nanico PSC.
Mas isso não é tudo. A base aliada já reclama que o prefeito movimenta a máquina municipal para eleger sua esposa, seus irmãos e seu cunhado no pleito de 06. Isso sem falar no "rompimento branco" da aliança com o PSDB citada no parágrafo anterior, já que Durval agora é candidato a uma vaga que os tucanos esperavam certa, caso fosse Imbassahy o único candidato da oposição.

3. Carlismo

O PFL lançou seu candidato mais fraco ao Senado em muito tempo(Er... Houve César Borges em 2002, mas os votos do interior ainda garantiram a vaga), principalmente se se levar em conta o perfil do candidato-chave dessa eleição, que é o agora tucano Antônio Imbassahy, extremamente forte na capital e possivelmente bem votado em cidades maiores do interior. Rodolfo Tourinho participa de sua primeira campanha e sofre certos riscos de não vencer, o que se não é uma derrota fragorosa do grupo de ACM, já é um arranhão no conjunto de vitórias alcançados desde 1990.


Ainda não vi nenhum comentário a respeito, mas arrisco um palpite: Vejo grandes chances de que o PFL apóie Durval (um apoio não explícito, mas uma recomendação interna de voto às bases, p. ex.) se ficar claro que Tourinho não possa ganhar. Uma derrota de Imbassahy seria uma derrota imposta aos "traidores"( vale dar uma olhada no discurso em Feira, semana passada) e ao pedaço do PSDB baiano que não quis se alinhar às candidaturas do PFL *. Além do mais, uma vitória de João Durval nessas circunstâncias, no mínimo deixaria o prefeito da capital numa situação embaraçosa, o que renderia dividendos políticos ao PFL já em 2008.

É assim que sem perceber (?) PDT e PT estão carlinizando-se.


* do ponto de vista nacional, pode-se até questionar os motivos, mas estes não são tão relevantes para este texto.

domingo, 30 de julho de 2006

dica do mestre

Fórmula 1 é um negócio muito chato.

sábado, 29 de julho de 2006


Quando há uns 2 ou 3 meses assisti "Terra em Transe" fiquei bastante incomodado e de certa forma com uma dor de cabeça. Tudo bem, eu estava acordando todo dia 6 da manhã, ia dormir mais de meia-noite, tinha ""aula"" à tarde, dias de terça e quinta, etc...Teve todo aquele problema do começo do ano, eu não conseguia me concentrar, mas não é a esse tipo de dor de cabeça que me refiro.
O filme é catártico, extravagante(não necessariamente um elogio), vigoroso, pretende-se portador de uma mensagem, de uma poética que é toda muito esquisita. Ok, é um belo prenúncio(ao mesmo tempo diagnóstico) do que viria a acontecer(e já acontecia) no Brasil: demgagogos picaretas apoiando-se "no povo", um reacionário demente e salvacionista com um conservadorismo mais estético do que qualquer coisa, um representante da mídia oportunista e doido por poder e no meio disso tudo, um assessor, Paulo, um jornalista bem intencionado. Mas o que me interessou foi o dilema do personagem principal.
O grande dilema, à primeira vista, parece ser "Revolução" ou "Concertação", mudanças abruptas ou lentas, "o que fazer?". Paulo, a um momento irrita-se com a pusilanimidade do demagogo (o ator é Lewgoy) e rompe. A mensagem final do personagem é puro desespero e é uma espécie de "explosão das canções em desatino" e o que é pior de tudo, soa patética a quem está de fora. Como eu disse no parágrafo anterior, se o dilema do filme parecia ser o dilema de todo esquerdista a alguma altura de sua vida, uma análise mais cuidadosa verá um dilema maior: O que se apresenta diante de qualquer pessoa, o dilema entre escolher uma ação X ou Y, medindo a moralidade dos atos, se os efeitos serão realmente benéficos(no caso do filme, se benéficos para "o povo" ou não). Ao redor de tudo isso, a inevitável conclusão -e aqui reside o incômodo- de que não basta ser bem-intencionado e de que ser "puro" em relações humanas, muitas vezes significa não estar pronto para viver.
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* A história lembra muito o Chile de 73. Se bem que não sei se era esta a visão de Gláuber Rocha sobre Allende.

quarta-feira, 26 de julho de 2006

ops

Para vocês verem como as coisas são. Eu já ia escrever sobre o projeto do Pastor Amarildo, aprovado pelo Congresso que aumentava para 23 as prerrogativas dos jornalistas. Ia aproveitar para falar sobre corporativismo, essa praga que assola o tal do mundo do Direito inclusive. Mas Lula já vetou e o gancho meio que se perdeu. Mas o texto sai outro dia, ok?

amenidades, criança

Uma vez falei que a quantidade de informações ao redor estava absurda e tinha a sensação de que não conseguia acompanhar nada. Disseram-me que eu estava crescendo. Não duvido, mas acho que isso tem muito a ver com internet.
Acesso a internet desde 1998, lembro bem que o dia em que instalaram o computador aqui em casa foi um dia de Copa do Mundo, passava um jogo do grupo do Brasil na TV. De início, só usava para ver notícias sobre futebol, até imprimir escalações de jogo-treino do São Paulo, o que convenhamos é aceitável para um fundamentalista hardcore, coisa que deixei de ser um pouco depois, afinal eu nunca me dedico a nada por tanto tempo assim.
Depois passei por diversos assuntos nos mais variados graus de interesse, só que com uma regularidade doentia mesmo só no último ano é que passei a acompanhar a rede. Por doentia, entenda-se de forma diária, quando não diária, os dias seguintes servem para vasculhar o que estava por aí na minha "ausência". O diabo é que nunca, nunca, nunca alguém vai conseguir acompanhar nem um milionésimo do volume de informações que abundam a rede. Jornais, blogs, fóruns de discussão, portais, 1000 opiniões diferentes sobre 1003 assuntos, 453 pontos de vista, tudo isso parece demais. Parece demais principalmente quando se compara a um tempo atrás, quando o máximo que eu lia eram algumas revistas, jornais, etc.
Claro que a disponibilização da informação e da pluralidade das opiniões é coisa maravilhosa, e eu jamais vou reclamar disso. A internet é genial justamente por isso. O grande ponto é como organizar a mente para que se possa pegar essas informações, digeri-las, entender o que está acontecendo, sem virar um gagá que parece que esqueceu tudo e sem deixar de lado os livros e as outras atividades da vida(ah, e sem pegar uma LER-agora é DORT, acho).

Mas de que outras atividades da vida estou falando? Até parece, até parece.

terça-feira, 25 de julho de 2006


Este aí sou eu.

segunda-feira, 24 de julho de 2006

o reacionário

Tem horas que eu me sinto o cidadão mais conservador do mundo. Minha barriga cresce, um hirsuto bigode aparece na minha face, o fraque engomado, a cartola em uma mão e a bengala na outra, pronto, sou o próprio Reaça.
Eu, que me acho tão tolerante, tão aberto a divergências, às vezes fico com a impressão de um anacronismo sem tamanho no que penso ou digo. Não que isso me faça mudar de idéia, claro.
Alguns exemplos estão

Aqui e aqui.

Outra coisa: hoje estava um professor lá da faculdade num programa de TV, falando sobre relações de trabalho. A certa altura, uma telespectadora perguntou por e-mail o que fazer com uma empregada que teimava em limpar a janela do apartamento do lado de fora, ainda que fosse proibida por ela(patroa) de fazer tal coisa. Diz o professor: " Bem, é o caso de proibir e caso não acate a proibição, a sra. corre o risco de ser responsabilizada, portanto, é melhor cortar as relações de trabalho".

Ele realmente acha que as coisas funcionam assim? Que as pessoas gostam de ficar desempregadas? Estado porreta esse que interfere até nos riscos que a pessoa corre desse modo, não?

Sei não, sei não. Eu sou um homem do século retrasado, só pode ser isso.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

segunda-feira, 17 de julho de 2006

“Esse negócio das pessoas dizerem que têm que gozar junto, que é isso que faz nenen, é tudo mentira, porque fiquei sem gozar dos meus 14 aos 45 anos... Pra mim era tudo normal... o homem terminava e eu também... Daí, eu colecionava discos do Roberto Carlos e, aos 45 anos, ganhei um LP dele. Botei na vitrola a música ‘Côncavo e Convexo’ e fui dormir. E quando acordei, estava com a perna suspensa, a calcinha na mão e toda babada. Comentei com as amigas..., elas disseram: ‘você gozou!’. Aí que vim saber o que era gozo. Moral da história: sou uma mulher de 68 aos, que homem pra mim não faz falta, eu mesma dou meu jeito.”


Um dos grandes momentos do ano.

Mais aqui, crianças: http://ofuxico.uol.com.br/Materias/Noticias/2006/07/27564.htm

os tempos são ...

"O princípio fundamental da existência é a mudança"- isto alguém me falou e eu guardo, se não como verdade, como uma frase interessante. Um acontecimento banal, a saída de duas pessoas do plantão lá do SAJU- que todo cidadão que se preze sabe bem o que é, faz-me pensar mais em uma vez em mudanças e como este tipo de coisa deixa-me atordoado.
Imagino que são dois os motivos. Mudança lembra que existe um fim, para as coisas, situações, para aquela rotina que só deixa de parecer modorrenta quando vira memória, que é um negócio satisfatório e triste. Se bem pensado, todos estes fins remetem àquele, à hora temida, ao Grande Medo, que é o fim de cada um(e tomara que não seja assim um fim).
Mudança também é provocação e lembra que é possível, mais do que possível, que é preciso procurar alguma melhora em si, alguma forma de fazer coisas de um modo diferente. É preciso sair da inércia, daquele pensamento choco que ora nos toma naquelas rotinas afáveis mas tentadoramente apáticas, sanguessugas do que se pode fazer.O que se pode fazer é a grandeza e muito da graça(da Graça?) está no caminho.
Se a sensação é de atordoamento, por vezes também o desafio comove. Pelo menos nos dias em que acordo meio heróico, que são os dias dos quais eu rirei(ou lamentarei) quando já estiver irritado com tudo e pronto pra me encantar com a mudança novamente.

domingo, 16 de julho de 2006

zé belé

Sério, sério. Tem horas que dá vontade de parar de conversar porque a memória parece que tá porosa, porosa...

Mas, por enquanto, a desculpa é: Eu não lembro de certas coisas porque não tenho com quem conversar sobre. A desculpa é essa.

sábado, 15 de julho de 2006

"Minha memória está um lixo". Vez ou outra, reclamo disso, como aliás de muitas outras coisas das quais eu não deveria reclamar tanto. Isso acontece quando eu não lembro de alguma coisa que li, principalmente quando lembro de algo, mas não lembro onde li. Dou três exemplos recentes: Em um, eu lembrei de um texto, que imagino ter lido na Folha de S. Paulo(mas já não estou certo disso), em que alguém comentava sobre boa parte dos evangélicos de hoje repetirem o que sempre foi uma característica atribuída e criticada nos católicos, mormente os "não-praticantes": o fato de "desindividualizar" ou coletivizar a experiência religiosa. Sem lembrar de onde li isso, lembrei de uma entrevista num site sobre Alan Moore(tem o link lá no "a plêiade"), em que se comenta justamente sobre os viciados em informação e em sobre como a internet colabora nesse processo. Fui lá no site, mas não achei a entrevista. Pronto, já posso arrancar meus cabelos.
Calma, são muitos. Estava eu no emeesseene (ops, agora é dáblioeleeme) conversando com Éder sobre Olavo de Carvalho e os defeitos que julgamos haver nos textos dele quando vi que eu realmente não lembrava (ou, mais curioso: talvez não tenha lido sobre) o que Olavo falou sobre o fim da URSS. Juntando isso com minhas falhas na faculdade( falta de estudo, excesso de tempo no computador, etc...), já posso me considerar um cafu. Sei que esse tipo de coisa só ocorre porque consumo informação vorazmente, mas nem vou culpar a "sociedade de informação"(apesar de que isso, óbvio, é também reflexo), muito menos vou dizer que só consumo informação, pura, sem reflexão. Dentro do possível, penso bastante, embora de forma assistemática e fragmentada. Este é o maior problema e dentro do possível, é o que precisa ser sanado. Pelo bem da minha cabeça, do que eu escreva e de quem converse comigo.

quinta-feira, 13 de julho de 2006

a reticência

Sério. Eu queria falar de Marcola, de Kim Il Jong, do Hamas, das eleições, de Lula, de Alckmin, mas poderia falar também sobre leis(respeitar ou não, motivos, problemas, soluções), do que fosse. Acho que até dava para escrever qualquer coisa, mas escrever por escrever é algo absurdo, criminoso e principalmente deselegante- eu só posto de fraque e cartola.
Respirar fundo, conversar bastante(tem uma discípula de Freud me ajudando) e...

glossolalia ( o diário da princesa é sua vó)

É quase fabuloso como eu monto textos ou posts no blog quando estou longe do computador. Como que por magia, os textos somem assim que sento e a telinha branca do blogspot aparece. Minha cabeça está fragmentada. Na verdade, nunca deixou de ser. Música, cinema, quadrinhos, livros, política, conversas, todas as minhas obsessões sempre se dão num espaço que não é todo plano, que é todo cheio de buracos. Passo uma semana sem ler jornais e pronto, houve uma convulsão no mundo. Uma semana sem falar direito com algumas pessoas e pronto, ficaram, namoraram, casaram, tiveram filhos, separaram e já estão amando outras. Os livros acumulam-se na estante, no guarda-roupa, no chão e lá estou eu na livraria comprando mais um. Os buracos na coleção de quadrinhos existem, não são tão dramáticos até porque a promessa que fiz pra mim mesmo quando voltei a comprar hqs( 5 anos e meio já), era que só valia a pena se não fosse para ficar neurótico com "coleção". Bem ou mal, eu acabei ficando neurótico e ao mesmo tempo não preenchendo a coleção, o que é algo, hum, interessante.
Eu poderia falar que estou com medo, que estou ansioso, que tem uma prova final segunda que está ligada a tudo isso, mas que esses sentimentos têm a ver com algo mais. Tem a ver com alguma coisa que aconteceu em 05, que foi uma separação de amigos bem esquisita, já que bastante anunciada, com o que aconteceu no começo de 06 (e essa aqui eu não entendi e não entendo, até hoje, mas já deixei para lá). Tem a ver também com aquele negócio. Com o espanto, o arrepio, o temor de que caso eu procure um estágio, olhem muito pro AF lá e dificultem as coisas...Esse é o temor que só brota nas cabeças vazias, eu sei. Ou nas fragmentadas.
O que me alivia(dá-me alento e algo bonito em que pensar) é ela. E ela nem sabe, o que constrange menos. 20 dias atrás? Mais ou menos isso(engraçado é que talvez não tenha sido nada e eu esteja delirando). Ponto. Evito aqui qualquer trova açucarada, já que insulina é bem cara e o "Figueira Brava" não é diário da princesa, é um blog de respeito.

Este post é o resultado de pouca leitura, de pouca música, de pouca "vida". Mas está melhor do que o que se passa na Coréia do Norte, na Índia ou em São Paulo...

segunda-feira, 10 de julho de 2006

o octagésimo pedido de desculpas

" O diabo de crescer é perceber que existem mais pessoas no mundo, mais pessoas determinadas, melhores e com mais disposição do que você, que não se é tão excepcional, que não se é nada especial, que..."

O parágrafo incompleto aí de cima era um pretenso início de texto, rabiscado por mim no último dia 7, 8, sei lá. Tencionava falar de como é estranho a percepção de que não se é o umbigo do mundo, e de como muitas vezes é irritante a "derrota" própria em relação a vitórias alheias(ficar de férias mais cedo, "vencer" uma prova difícil.Ou mesmo uma fácil.) . Ok, é algo extremamente juvenil e ok, é algo feio, não é um sentimento agradável. Talvez haja muito de competitivo e egoísta(em quem disser neoliberal, eu dou um tapa violento na cabeça), mas eu não prometi que ia ser bonzinho ou mentiroso.
Das mais imbecis sensações que existem, uma delas é a de não se sentir parte do mundo, das coisas concretas, de estar apartado do que parece ser o normal das pessoas. É imbecil porque é parente da impotência e da inércia, que não leva a ninguém a lugar algum a não ser uma lamentação sem fim. Acho que isso é o que mais detesto na carta que Kafka escreveu ao pai. Eu detesto quando sinto isso, porém, acho inevitável. Assim como é esse post, que é acima de tudo, descartável. Viva a blogosfera.

Ah, tudo que eu li de Kafka foram três textos numa tradução da Martin Claret. Erudição é isso aí.

o prazer de decepcionar vol. 12

Isto aqui (http://www.youtube.com/watch?v=5-8fS3HrYbA) foi constrangedor, mas ao mesmo tempo houve algo de sensacional. Calma, não vou começar discurso sobre genialidade ou uma tentadora narrativa do mitológico e do mágico que há o futebol. Em geral, detesto jogadores esquentados. Acho Edmundo uma grande tranqueira e nunca quis que ele jogasse em meu time(apesar de que meu time sempre o quis...). Dito isto, ao jogo de ontem.
Não acho que foi um jogo tão ruim. Foi razoável, apesar dos lamentáveis segundo tempo e prorrogação da Itália. Quebrei a cara porque pedi a Copa toda que Domenech escalasse Trezeguet e quando ele tem A chance, ele vai e perde o pênalti. Mas parece que o título da Itália foi o de menos ontem. O que se fala é "da cabeçada".
É incrível que Zidane tenha caído na provocação que fosse de Materazzi. Com 34 anos, é experiente e já enfrentou zagueiros tão ou mais provocadores(afinal, ele jogava na Itália). Era a sua última partida e talvez estivesse próximo de uma das mais consagradoras partidas finais de um grande jogador(o que Maradona e Romário não tiveram). Ele ia caminhando, e de repente, POU, uma cabeçada absurda. POU, 2, 3 minutos de um juiz perdido, perdido. POU, expulso, fora da Copa.
"Babaca, babaca". Só de alguns brasileiros terem pensado nisso com um certo rancor pelas derrotas de 98 e 06 já me fazem ficar do "lado" dele. "Descontrolado". Que seja, até parece que outros grandes jogadores não desciam o sarrafo quando excessivamente provocados(podemos falar de Pelé mesmo).
O problema é que não era um jogo, era a final da Copa. Ok, uma das piores Copas, mas era a final dele(a segunda, na verdade...). E o ato acabou foi deixando o time da França um pouco mais nervoso- se bem que é bastante difícil de provar que a expulsão de Zinedine esteja diretamente relacionada ao pênalti perdido- e ele fora do jogo.
Mas o que mais me interessou no ato foi a humanidade que há ali. Final de Copa, estrela da Copa, não sei quantos milhões assistindo a isso tudo? Bah, esse cara é muito chato, isso sim. POU.

PS: Quero só ver o que Zidane vai falar daqui a alguns dias...
PS2: Zidane foi 10 contra o Brasil num jogo em que não foi marcado. Foi 7 e meio, 8 contra a Espanha e Portugal(a se considerar que até os 75 minutos do primeiro jogo ele era nota 6) e na primeira fase foi nota 5( ou 4, 4 e meio). Só essas notas dizem muito sobre o que foi essa Copa. Ah, é bem possível que Canavarro tenha sido o melhor da copa. E isso diz muito também.

quinta-feira, 6 de julho de 2006

1, 2, 3.

eu não entendo é nada.

domingo, 2 de julho de 2006

quartas-de-final

Último dia de junho de 2006 em Salvador. É também último dia para revalidar o cartão de meia-passagem para os ônibus da cidade. Revalidar, neste ano, significar mudar o cartão para uma nova forma, desta vez compra-se os créditos antes de utilizá-los, não se paga mais na hora. Só existem dois pontos de recarga na cidade, um no Iguatemi e outro no Comércio. Para revalidar, a mesma coisa.
Ouvi falando que 50 por cento(mais até) dos usuários já tinha efetuado a troca. Estudantes tinham reclamado e na última manifestação houve até quebra de vidraça na prefeitura. O prefeito disse então que iria suspender a implementação do novo sistema e só a continuaria depois de mais discussão(Vale lembrar que no começo, o estudante era obrigado a comprar a carteira da UNE junto com o cartão. Isto, entre outras coisas mudou, graças ao barulho tanto dos estudantes quanto do Ministério Público.). Certo, certo.Ligo a TV segunda-feira, pouco antes do jogo da Itália e está a repórter lá falando: "Sexta-feira é o último dia para revalidar o Salvador Card". O que, não discutiram? Que surpresa!
Mas vá lá, isso passou, hoje é sexta, é o último dia. Pus o despertador para 8:15. Uma colega liga às 8. Vou pro Iguatemi, ela pro Comércio. No caminho, a cobradora fala: "Último dia hoje, hein?"
Eu digo: "Estou indo revalidar agora". Ela: " uma fila que bate na Universal" Hipersuperduper.
Desço do ônibus, caminho, caminho e vejo a fila. A fila. Dando voltas, um caracol que ninguém entende. Onde é o fim? Onde é o fim? É ali, é por ali, é aqui. Achei, é aqui, é aqui. Andamos, andamos, andamos.Uma hora depois, cadê a fila? Eu não acredito, perdemos a fila. Essa mulher estava atrás de mim, como é que foi para a minha frente? Que é isso? Esgotei toda minha vasta coleção de palavrões e gracinhas( na realidade meu maior patrimônio intelectual). A turma da "Boca do Lixo" ia ficar corada. Minha colega me manda um SMS. "Dá tempo de ir praí? Aqui no comércio dando 3 voltas a fila". Alguém grita: "Eu tava no comércio, pior do que aqui". Ê, pelo menos alguém sofre mais que eu(depois ela me liga e diz que não conseguiu revalidar- tsc, tsc...).
Um sol retado, enorme, quente.Mormaço, já que o céu não estava tão claro quanto o sol quente. "E essa auto-escola que eu não termino? Eu sou imbecil mesmo ou o quê?"Começo a pensar no jogo. "Não vai dar tempo, é meio-dia". Falo isso com quem está ao meu redor. "Que mané jogo, eu quero é revalidar o cartão". Pensei em desistir umas 3 vezes. A fila anda, pára, pára, anda. Já é quase meio-dia. Não vou desistir mais não, que se dane o jogo. E lá vai, o papel na mão, mas a xerox é horrível, não dá pra estudar. Aproximadamente 4 horas depois, está lá na mão o cartão. Atendimento rápido, carregou tudo, dá pra pegar o segundo tempo. Olhei para trás e a fila tava maior ainda.

Eu não me arrependo de ter vindo para Salvador não, viu?

jóbi


Preciso urgentemente de organizar umas coisas. Terminar a eterna auto-escola, arrumar um emprego, ordenar os horários, estudar mais e melhor, com mais disciplina e método. Preciso tomar atitudes(de ordem pessoal, inclusive), parar com olhar complacente para o passado e olhar diretamente para o que eu quero que aconteça. Para que eu não me torne um escravo.
Não que a necessidade do emprego seja financeira ou que eu esteja reclamando do que se passa comigo por agora. Mas é preciso crescer, crescer e isso é imperativo.

o espectro




Minha maior motivação para torcer para o Brasil é que fosse derrubada a teoria da conspiração encampada, entre outros, por Kfouri e por meu tio, a saber, a de que as Copas são manipuladas e que o Brasil seria prejudicado para que não fosse hexa. O fundamento de meu tio é melhor que o de Kfouri porque este esmiuçou o argumento(na entrevista para a Caros Amigos e no blog) de uma forma que dá até vergonha. Você está lá, lendo a entrevista de Kfouri, alguns comentários bastante sensatos sobre futebol e pá, de repente aparece a loucura, a bobagem, um fundamento nonsense- basicamente ele diz que o Brasil vai ganhar em 2010 na África do Sul porque sempre ganha em um país sem tradição. E vai ganhar na copa do Brasil em 14, o que nos levaria ao octa e deixaria um espaço muito grande entre o maior campeão e as outras seleções. Pronto, agora estou envergonhado e nem quero mais continuar o texto.

Passou a vergonha. Voltando... Ah, claro, tem o fato de eu ser brasileiro também e achar que torcer contra é chato, apesar de que aturar as crônicas de Pedro Bial e o excesso de açúcar de Fátima Bernardes e do Jornal Nacional é um suplício para nós, diabéticos. Mas vá lá, aumento a dose de insulina pelo bem da Pátria. O Brasil vinha realizando partidas sofríveis, desde o 1 a 0 patético contra a Croácia(opa, foi gol? Gooolll!!), os 2 a 0 também em lances de exceção contra os socceroos e os 3 a 0 mais enganosos jamais vistos(contra um time que faz "linha de imperdimento" no círculo central e que não sabe chutar). Ah, teve o 4 a 1 contra o Japão. A melhor partida, o que não quer dizer grande coisa. Quando eu chiava, vinha alguém dizer que "o que importa é ganhar, você quer o time igual ao de 82?".

Não sei. Bastaria o de 94 talvez. Eu queria um time que soubesse o que estava fazendo em campo. Eu sou dos poucos que não gosta de Felipão e achei o título de 02 sem graça(ok, é título, não vou reclamar), mas uma coisa eu reconheço: ele sabe o que quer. Ele faz e comanda um time com um objetivo em campo. Pronto, basta isso para que se possa torcer. Durante essa copa, o Brasil não sabia o que queria, não atacava, não fazia nada. A defesa foi a melhor coisa do país? É, até foi, se bem que Prso, Viduka, e os atacantes do Japão e Gana não são assim nenhum desafio monstruoso(mas, ok, Lúcio e Juan estavam bem, é verdade, é verdade). O pior defeito desse time(afora nos lembrar da existência de Cafu e Roberto Carlos-ei, seu careca safado, eu não esqueci as bicicletas e as furadas de 98, está ouvindo??) é a falta de objetivo. Que fenômeno e perseverança é esse que chega a uma copa com 95 kg? Que maior do mundo é esse que é nulo em todos os jogos? Que líder é esse Kaká que estava mais apagado do que fósforo debaixo de tempestade?

O ponto positivo da derrota seria a miséria de uma concepção nojenta de futebol(defendida pelo próprio Felipão até), que acha que vitória se consegue não tomando gols e fazendo um aos 99 minutos, com um gol de mão, impedido que seja. A graça do futebol é que alguns jogos sejam decididos de forma tão esquisita, folclórica, que um time pior possa ganhar de uma maneira inusitada, mas que sempre se reconheça como time menor que é e isso não vire a regra.

Infelizmente, a concepção que é de Parreira não foi derrotada. Ele está aí, dando entrevistas do alto de sua pachorra, dizendo que fez tudo certo. Ele está aí, dizendo que Zidane foi bem marcado. No mais, ela está por aí, numa copa do Mundo broxante, quando o técnico da Argentina tira Crespo e Saviola e põe Lucho Gonzáles e Palacios para segurar um resultado contra Costa do Marfim ou quando substitui Crespo e Riquelme por Julio Cruz e Cambiasso "para segurar o resultado". Está aí quando o técnico francês escolhe jogar com somente um atacante, põe um bom atacante no banco sabe-se lá o motivo e só pode vencer quando um gênio mostra o que pode fazer em campo. Está aí quando se vê um negócio pavoroso como Suíça e Ucrânia, quando "o grande jogo"(Argentina e Alemanha) tem pouquíssimos chutes ou quando as vitórias de Holanda e Brasil significam a derrota de times mais habilidosos(ainda que extremamente incompetentes na hora de chutar e inocentes ao se defender). Está aí.