sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Reveillon

Na virada do ano para 05,estava eu impressionado com as primeiras linhas de "Uivo" de Allen Ginsberg,para ser exato a primeira frase, "Eu vi as melhores cabeças(ou expoentes,a tradução que lhe agradar mais) de minha geração morrendo de fome,histéricas,nuas".Não conhecia mais nada do poema,já que vi essa frase no primeiro livro da série de Elio Gaspari sobre a ditadura militar.Então eu ficava lá na praia,mimetizando poemas proféticos,como eu imaginava(e ainda assim vejo) "Uivo". Pareciam-me todos bons,como me pareciam bons alguns textos que eu imaginava antes de dormir(já faz cerca de um ano,talvez um pouco menos,que nada me vem à cabeça na hora de deitar) , mas não havia hipótese de colocá-los no papel: Soariam ruins,repetitivos, não relevantes,tolos,enfim, tudo o que uma poesia não pode ser.
Quando eu era sétima série, minha professora de história,uma loira,Nancy Goretti o nome dela,olhos azuis,menos bonita do que a descrição pode fazer parecer,entregou uma prova de um colega meu,Diego "Ratinho", e chamou sua(dele) atenção porque ele tinha repetido a palavra "daí" mais de 10 vezes na prova.Lembro que eu achei engraçado na hora,dei risada,a professora reclamou,eu era bom aluno em História,fui malvado, me penitenciei e ficou tudo certo.
Agora,eu estou sem professora de História e sem os textos na cabeça.Algumas idéias fixas e algumas decepções.Acho que já dá pra começar o ano.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Hanseníase,hanseníase!!

Nossa ,enquanto as pessoas pensam em carnaval, folia, desbunde, estou aqui no ponto mais baixo desde o último ponto mais baixo de alguma coisa. Já não sinto a mesma coisa quando leio quadrinhos ou quando ouço música ou mesmo quando eu leio.Se bem que ler não é questão de sentir(ou até é,mas é algo bem maior do que isso).Sem leitura,não há muita coisa que não o estranhamento.Se bem que com leitura,o estranhamento continua. Bem,próximo post.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

pérolas de sabedoria (tenha inveja,Confúcio)

1- Baixar filme no e-mule é emoção única,tipo pular de bungee-jump,presenciar um tiroteio num convento ou ver uma baleia branca encalhada na porta de sua casa(de preferência se sua cidade não tiver mar). Daquelas que você não precisa repetir mais nunca na vida.

2- Latim é tão legal.É difícil e eu sei que estou na parte fácil,fácil ainda.Mas é legal.

3- 30 minutos de atraso e não ter o livro do curso em uma aula não é o suficiente para me constranger(Mentira,é sim).

4- O cinema do Pelourinho é legal.Parar o carro há uma distância considerável é bastante interessante,principalmente depois que você passa a saber que há um estacionamento mais barato e mais perto.Mas,bah, até passei por um grupo grande de percussão e dança.Quase me senti um gringo.

5- O projeto de não emitir opiniões sobre qualquer coisa está sepultado,por ora. Caso vocês o tenham,não desistam,não desistam.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

não é um chute na cabeça?

Dia de São Valentim,né? Certo,certo. Sem comentários.

sábado, 11 de fevereiro de 2006

dois mil e seis



Lula tem muita chance de ser reeleito.Se eu fosse um apostador contumaz,cravaria o nome dele como presidente a partir de 07 sem pestanejar.A oposição ainda não se deu conta disso e demonstra muita incompetência na articulação das eleições em outubro deste ano.Enquanto o governo encontrou seu plano de vôo,a oposição parece nem saber se vai de avião ou de outro meio de transporte.Podem pegar uma carroça,numa derrota que seria histórica dada a crise política iniciada em 05.
Quando o PT ganhou as eleições de 02 e rompeu definitivamente com seus 2o anos de projeto* "contra tudo isso que está aí",tomou de empréstimo as linhas mestras do que o PSDB fazia no governo.Isso convulsionou (silenciosamente,é bem verdade) o cenário político nacional porque reorganizou as forças que disputam o poder. O PSDB ao ter seu programa de governo ,de centro-esquerda**,tomado pelo PT,ficou sem discurso. Congestionado ficou o campo dos que defendem a intervenção estatal como melhor remédio para sanar desigualdades sociais e os problemas sociais e econômicos do país em geral.O partido de Serra,FHC,Jereissati,etc... não percebeu e/ou não conseguiu se mobilizar à altura do desafio que foi posto: Desenvolver novos projetos que o diferenciasse do PT.
Esses projetos não poderiam ser mais à esquerda,uma vez que os movimentos sociais,sindicatos e assemelhados serviram e servem aos interesses do partido atualmente no governo,além de constituirem base histórica do petismo. Uma possibilidade seria uma guinada à direita,propondo medidas de liberalização econômica,por exemplo flexibilização de leis trabalhistas,redução dos impostos,que certamente encontrariam apoio nas classes médias e em parcelas do empresariado, além de outras medidas ,como no campo da segurança pública(ainda bastante menosprezado na política brasileira) e mesmo posições concretas em certos temas "sensíveis,a saber,cotas na universidade, postura quanto ao Banco Central e à política macroeconômica,etc..(Repare que nesses "temas políticos"a postura nem precisaria ser conservadora ou liberal necessariamente,talvez bastasse uma postura firme,que de resto não existe em nenhum partido nacional). Mas o PSDB não apresentou respostas.





Oscilando entre uma oposição tímida e um quase-governismo constrangedor( Palocci deve ter sido mais defendido por tucanos do que por petistas...),só de quando em quando, o partido criticava mais enfaticamente o governo petista.Por mais que a turba petista diga o contrário e se passe de vítima,não foi a oposição que despertou a crise de 05.Foi um racha na base do próprio governo.A oposição,quando muito,serviu para confundir a opinião pública e ajudar o governo( como no caso Azeredo,no qual hesitou tomar qualquer postura que não a defesa tímida e envergonhada).
Essa fraqueza,ademais constante no PSDB,chegou ao ponto de gerar neste começo de 06 um princípio de guerra interna entre os pré-candidatos Serra e Alckmin,que só fortaleceu o governo.Governo este que já se fortalecia com o esfriamento da crise(muito por responsabilidade da oposição,tíbia até em investigar na CPI***) e ainda mais se prepara para as eleições com medidas que,conquanto deficientes,podem gerar muita publicidade( Operação tapa-buracos,aumento do salário mínimo,programa de construção civil,redução de alguns impostos...) .São nestas medidas e mais na comparação das estatísticas do atual governo em oposição aos 8 anos de FHC em que o PT se esteia para deixar Lula lá. Já se pode notar essa atitude inclusive na internet, onde blogs petistas já fazem até quadros comparativos. Não é de hoje que sabemos que "estatística é que nem biquini: revela tudo, menos o essencial",há sim,como a oposição confrontar os dados e sair com um saldo positivo.Há sim como comparar ainda em questões sensíveis como a corrupção e autoritarismo.E mais: Há como avançar no debate,não se restringindo a um mero embate entre números, numa discussão do que fazer a partir de agora.Há uma avenida aberta à oposição,desde que esta resolva fazer política de verdade,e não ficarem a reboque da agenda lulista. Sabe-se que quem dita a agenda tem muito mais chances de ganhar(a reeleição de Bush foi a prova disso).Quer dizer,a oposição parece não saber.E corre o risco de ficar na carroça.

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*Era mais uma negação do que um projeto propriamente dito.Esse traço ainda permanece,de certa maneira.
**O partido de FHC não é um antro de neoliberais ferozes,quem diz isso não sabe o que realmente desejam os neoliberais.Fazer política de mercado não é se tornar um direitista,certo ,esquerda européia?Isso,porém,não significa que no governo,os tucanos não deram uma guinada à direita,deram sim.)
***Há quem diga que a oposição falhou em investigar por "rabo preso".Não duvido que haja envolvidos em casos de corrupção nos partidos não governistas.Isso,porém,não justifica a incompetência em se articular politicamente.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

medo

Do jeito que está aparecendo na série da Globo, JK era assim um Brastemp. Bem,quero votar nele nas eleições. Brasil decente,Giovanni Improtta(?) presidente. Felomenal.

palavras limpas

Depois de uma malsucedida tentativa de ir ao cinema,com um tanto de sono e de sede,as únicas palavras que vinham em minha cabeça eram...,bem,eram censuráveis.Eu até pensei em postar aqui,como se representassem o ano até o momento,mas seria muito deselegante.Com quem se presta a ler e com 2006 também,coitadinho.

tolerância

A internet,com blogs,fóruns e orkut, acirra em muito os ânimos das discussões políticas.Pode ver,de quando em quando,aparece um "burro","canalha","safado",etc... Não acho que se exaltar seja necessariamente um dado negativo em um debate(muitas vezes eu mesmo acabo me exaltando,é,eu preciso de auto-controle,eu sei,mas é aquela coisa,o sangue sobe à cabeça,eu começo a tremer,um pouco por vergonha,mas muito pelo nervosismo mesmo e pronto: estou lá exaltado a discutir),por outro lado, também não é positivo,uma vez que pode mais camuflar o que deve ser principal,que é a exposição de idéias.Mas não é sobre a estrutura de um debate que quero falar.
Nesses debates,geralmente se vê pessoas pouco informadas com uma capa de superioridade, capa que esconde o embuste: Sabem quase nada de nada e estão lá julgando: "Marx é um bosta!" ,"Tocqueville era um idiota", "Bom mesmo era Joãzinho sem braço,que num paper de 1873,disse que o mundo ia estar do jeito que é hoje" e por aí vai. Essas discussões de internet revelam mais sobre um traço de personalidade de muitas pessoas do se poderia imaginar em um olhar apressado( este olhar diria: "ninguém dá muita importância a essas discussões mesmo,bah! "): Pouca gente está disposta a tolerar o que outro pensa.
É bem verdade que esse comportamento pode ser notado fora da internet,em discussões com parentes,amigos de boteco ou em universidades.Quando tomo a internet,a uso como pretexto e ilustração,não é exclusividade da web não.Voltando.
Um "democrata" escolado(e quase todo mundo quer se pintar assim) já tem as liberdades na ponta da língua: "Por mim,as pessoas podem se expressar do jeito que for,tal e tal,sou amigo de todo mundo,o cara pode ser do jeito que for,não ligo.Aí aparece um cristão contrário ao aborto e ao uso de preservativos,a favor da castidade como método contraceptivo e que,sei lá, goste de Bach. "Nossa,que horrível! Um cara desses não respeita o direito dos outros,não respeita a liberdade,é um conservador,um um....!". O mesmo vale para um conservador( que é algo bastante raro em meu "círculo social",se é que eu tenho um) ao ouvir alguém falar em, sei lá , casamento entre gays. Repare que basta os citados(que estão estereotipados naturalmente,uma vez que isso é um texto vago de um blog,tenham paciência...) emitirem opiniões que não sejam consonantes umas com as do outro.É uma coisa muito bonita isso de tolerar desde que não exista.

sábado, 4 de fevereiro de 2006

O "affair" da Jutlândia


Liberdade de expressão deve ser um dos temas mais espinhosos a se discutir.A tolerância,o choque entre o direito de manifestar e o do outro não ser ofendido,tudo isso sempre leva a perplexidades e momentos nos quais se deve decidir o que fazer para que as sociedades abertas assim se mantenham(Quando digo "sociedade aberta",já excluo ditaduras,ok?). Envolvendo religiões,muitas vezes a questão da liberdade de expressão ainda é mais complicada(ainda que eu ache que a tolerância religiosa deve seguir as mesmas balizas daquela política).
Este caso da Dinamarca(http://www.brusselsjournal.com/node/698) é um exemplo. Não tenho opinião firme sobre o assunto(se há mesmo um direito à blasfêmia,incluído nas liberdades democráticas),mas tendo a me pôr ao lado dos que defendem mais liberdade e que não vimos erro em publicar as charges dinamarquesas..
Claro que a liberdade de expressão não é absoluta, se tomarmos que os limites dados a mesma estão nas leis.Por outro lado,não existe lei que pronta vá nos dar uma resposta exata,concreta a problemas reais(Isso é IED I, mas ninguém precisa ver aquela matéria pra perceber isso).Neste caso da Europa,se põem de um lado os islamitas,que pretendem ter sua religião respeitada e não aceitam que o profeta,Maomé,seja representado,ainda mais de forma considerada desrespeitosa.De outro,chargistas,que escusados pelo direito à livre expressão e crítica,fizeram charges provocativas.
Há quem diga que as charges são uma estupidez e que foram intencionalmente provocativas,além de ofensivas,o que fere o direito alheio.Isso é muito fácil de ver pelas charges,mas os problemas da liberdade de expressão residem justamente no limiar entre o que deve ser aceito ou não(vamos lembrar das charges da Hustler referindo-se a um padre...).Nos EUA,no geral,a liberdade é tão irrestrita que permite a racistas se manifestar mais abertamente do que em boa parte do mundo,talvez,o mesmo valendo pra grupos pró-gays ou feministas,etc,etc...No resto do mundo,existe uma proibição em menor ou maior grau,principalmente em relação a nazistas, anti-semitas e racistas,o que invalida os que pretendem a maior liberdade possível.
A questão maior ainda permanece: Por que se poderia criticar um político,tachando-o de nazista(ou de "palerma", ou de "picolé de chuchu", ou de "ladrão") e não se pode o mesmo com o profeta de uma religião? Ainda mais se já existe filmes e outros produtos que fazem humor ou troça em outros símbolos religiosos que não os do Islã? Imagino que a resposta coerente ou tolere o máximo possível ou seja o contrário,repudie essas "liberdades",de modo que já não exista algo que por muito diferente,só pelo nome possa ser identificado como "liberdade de expressão".
Não ofereço respostas e possivelmente ainda volte a esse tema depois,mas uma certeza posso exprimir: Não é com fatwas , queimando a bandeira da Dinamarca e com ameaças de convulsões,incêndios e até assassinatos que haverá respeito.

PS: Claro que faço distinção entre islamitas radicais e moderados,coisa que não fiz no texto.Só para constar.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

rebellion (lies)

-vontade de sair marchando e quebrando tudo.