domingo, 29 de janeiro de 2006

fragmento

O máximo a que me permiti pensar com bastante simpatia em "gerações" foi ao ler sobre "escolas literárias".Achava fabuloso que certas características gerais tomassem forma em obras de diferentes pessoas e achava legal um certo clima de compadrio que eu imaginava existir entre os autores.Eu devia ter 13 anos.
Uma vez, Madza disse a mim que eu tinha uma "mania de congregação".Ela nunca me definiu exatamente o que significava, mas eu imagino que entendi muito bem.Pode ser porque eu fui uma criança sem amigos ou que passava muito tempo vendo tv e lendo qualquer bobagem sobre companheirismo, fantasiando sobre "sagas" urbanas, ainda que eu nunca tenha visto "Goonies” (Eu nunca vi, isso é fato).Mas isso já é um desvio.Eu falava de gerações.
Sempre me irritava alguém levantar a mão na sala de aula e bradar sobre o heroísmo da geração dos 60 e dos 70, da resistência, da rebeldia, da liberdade, etc e tal.Em parte porque eu desconfiava que havia muito de mito nisso tudo e em parte por não querer diminuir os de minha idade. Dessa geração, o The Who cantava:

" "People try to put us d-down (Talkin' 'bout my generation)
Just because we g-g-get around (Talkin' 'bout my generation)
Things they do look awful c-c-cold (Talkin' 'bout my generation)
Yeah, I hope I die before I get old (Talkin' 'bout my generation) " Consta que um desses caras dessa banda outro dia foi pego acusado de vasculhar pedofilia na internet.O que pode parecer apenas um caso isolado,a mim soou sintomático.

Foi lá entre 02 e 03 que eu perdi boa parte de minhas esperanças em muitas coisas.Inclusive na possibilidade de fazer "algo grandioso"(ah,esse demônio...) em conjunto.Na verdade, perdi mais ainda dessas esperanças entre 04 e 05,o que me deixou arruinado por um tempo(acho que estou de novo,um pouco,mas passa,passa e já parece ciclíco,criar uma expectativa e depois cair com ela) e ainda reflete hoje,quando não consigo pensar em “geração”.
No "We´re all in love”, vídeo do B.R.M.C. uma moça fala no começo:

"This is my generation,this is my youth,this is my expression.I think about the people before,my parents and... the Vietnam war and how they protest against that and how they really made a stem* and i don´t know "Were we able to do the same thing? Is it fashionable to do this?"

Assim como o clipe, que é confuso-e eu ainda acho, muito bonito-a moça não parece estar muito certa do que quer, se é saudosa do que seus pais fizeram ou se se orgulha do pouco que sua geração faz.Há uma crítica ao "modismo”, no mais uma crítica que vale a qualquer geração, mesmo que a moda fosse achar a "Revolução Cubana" o máximo (não que ela tenha generalizado,mas eu a faço).
Eu não sei como pode acreditar-se em geração, quando se sabe muito pouco sobre si mesmo.Eu não sei como pode acreditar-se em geração quando se está desmotivado ou quando se percebe que outros estão motivados em relação ao que não me motiva.Eu não sei de muitas coisas,aliás.

na cidade

Como bem disse Rodrigo(http://burliuk.blogspot.com), os jovens de Feira sonham com Salvador menos pelo que a "cidade grande" possa oferecer de culturalmente(sentido estrito de cultura) relevante,a saber :museus,cinemas,teatros,livrarias,bibliotecas,pá e pá) e mais pelo que de "divertido" possa existir por aqui(bares,boates e festas badaladas). Não recrimino tanto quanto não aquiesço com tais escolhas.
Geralmente dizem que Feira é uma cidade pequena,chata,sem nada para fazer,quente demais,plana demais,parada demais,com pessoas extremamente atrasadas,com excesso de bares e farmácias e mais nada,mais nada.O que é verdade nessas características acaba escondendo outras verdades que dizem respeito a quem reclama.
Simpatizo com Feira como talvez simpatizasse com qualquer cidade na qual tivesse crescido,conhecido pessoas que de uma forma ou outra me formaram(para o bem e para o mal) e me ajudaram a ser quem sou(e repito: para o bem e para o mal).Não é uma cidade tão pequena quanto dizem,provavelmente tem a mesma quantidade de bares e farmácias das cidades com o mesmo número de habitantes e certamente produz cultura na mesma proporção da qualidade dos indivíduos que moram na cidade,na proporção de seu conhecimento,na proporção de suas mediocridades.
A crítica à cidade esconde a meu ver,uma crítica a si mesmo,que deve sempre ser feita.Não é comparar uma cidade com outra 5 vezes maior que vai tornar Feira melhor.Não é a vontade de escapar que vai tornar aos feirenses melhores.
Que não me entendam mal.Não digo que a cidade é o paraíso,nem faço elegias a carroças,tropeiros ou qualquer esforço de identidade e produção cultural que haja na "terrinha".Muito mais do que isso,não me agrada o que falam da cidade porque a dimensão da crítica é idiota.
Pessoalmente,evito juntar-me ao coro dos descontentes com a cidade(existe um coro de contentes,às vezes me soam meio paspalhos,contentes demais,ainda assim menos ofensivos do que a "turma do não") porque sei que muito do que eu poderia atribuir a Feira está em mim,em minhas fraquezas,em minha covardia,em meu atraso e em minha pequeneza. Não é um show com uma banda maior que me faria melhor do que sou hoje.Não é uma ida a um bar ou boate da moda que me fariam mais feliz(e nem sei se trato de felicidade aqui) ou mais esperto. Ou mais livre.As cadeias são de minha responsabilidade,assim como as desgraças ou a ventura(nem todas,nem todas,claro).

PS: É óbvio que Salvador é uma cidade culturalmente mais rica,mais "cosmopolita" e aberta do que Feira.E que é recomendável a qualquer um viver por aqui por uns anos(ou a vida toda,quem sabe).Por esse prisma,São Paulo é melhor do que Salvador pra se viver.E Salvador seria chata,plana,parada...Sempre é mais sobre pessoas do que "coisas".

sou baiano( mas não sou caetano)

Eu poderia arrrumar uns milhares de motivos justificadores da minha aversão ao carnaval,uns motivos intelectuais,outros psicológicos,outros musicais,etc,etc...Mas não farei isso,até porque muito poderia não seria verdade.Apenas digo o seguinte agora: Não gosto,acho ruim.É chato.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

indústria cultural

Só conferindo o número de projetos imaginários nos quais estou envolvido:

a) "Péla-porco",em parceria com minha irmã.Um filme sobre a subclasse baiana,envolvendo uma criança super-dotada,facadas,intrigas,camaradagem,"filantropia" e outros temas sensacionais;

Em parceria com Rodrigo Lobo

b)"O menino de Santo Amaro": A história de Caetano Veloso como nunca antes foi contada.A (verdadeira) relação com Gilberto "kaya n´gandaya" Gil,a ida à Salvador e à São Paulo,o exílio em Londres,o que realmente ele quer dizer com as letras,etc,etc... Também cinema.

c)"Dom Finorum": Ópera gigantesca narrando as desventuras de Humberto Finnatti,herdeiro de uma nobre família mineira,sua queda com padês e outros entorpecentes,o aprendizado com a língua portuguesa e a corrente chamada prolixismo,as brigas virtuais com José Flávio Jr,Sérgio Martins , Osorio "coveiro" e Sadovski( "Bostovski",segundo Finnatti).E mais,muito mais.Ainda não sabemos se será em italiano ou latim;

d)Ainda sem nome,o épico definitivo sobre a Princesa do Sertão:A arte popular,o cordel,a fazenda dos Olhos d´Água,os pais fundadores,Joaquim e Ana,os heróis míticos:Lucas da Feira e Maria Quitéria,os poetas: Erismman,Godofredo,Brasileiro e Ederval,este último o "Whitman da Feira".Tem mais:o Cidadão Kane do Agreste,também conhecido como Dilton Coutinho,etc,etc,etc...É muita coisa e serão uns 7 volumes.

e)Coleção Traduções próprias: Whitman,Ginsberg,autores franceses,alemãos e até esperantistas com o melhor da tradução popular brasileira.

Até agora são só esses.Falta mais algum?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2006

nada engraçado.

As vistas meio embaçadas.

Pode ser:
a) Sono;
b)Óculos não apropriado;
c)...? Computador?

Ai,ai.

domingo, 22 de janeiro de 2006

engraçado

Lembro que quando comecei a ouvir rock(ano 2000,ó,ano 2000!),eu perguntava a minha irmã(que foi quem começou a ouvir primeiro) qual era o estilo de cada banda-acho que todo mundo que gosta de música passa algum tempo querendo catalogar tudo quanto é coisa-e ela sempre me respondia: "É hardcore".Ou então: "É hardcore melódico".Ou ainda mais legal: "É punk".E eu achava tudo aquilo tão simples,tão legal."Nossa,que massa.Isso é legal.Isso é simples."

Não sei se eu sinto saudade daquele tempo não.Mas é engraçado.

política

Nem só de pataquada minha vive esse espaço semanal rocker(piada interna,piada interna).Quanto aos problemas no PSDB e a melhora de Lula nas pesquisas,o que a PrimeiraLeitura(no caso,o site primeiraleitura) disse nos últimos textos parece-me muito adequado. Por isso,não posto nada sobre o assunto.Sim,nutro mais simpatia por Serra do que pelo Alckimin(que fica com um discurso muito chato de gerente.Se eu quiser um gerente,eu vou para uma empresa,não fico acompanhando política.)Sim,acho que está faltando comando no PSDB.Ainda tenho dúvidas sobre as conseqüências do rompimento da "palavra" de Serra quanto a largar a prefeitura só com o fim do mandato.Ainda assim,vocês (quem?) vão lá e leiam os textos de Azevedo e Romano sobre o tema,que não se arrependerão.

sábado, 21 de janeiro de 2006

O diabo de não entender "certas coisas" é que eu não consigo fazer nada até que eu as entenda.Fico pensando,montando e remontando situações,diálogos(reais ou possíveis),sonho com os "acontecimentos",reconstruo possibilidades,calculo probabilidades,enraiveço-me e alegro-me com cada uma delas,mas não sai nada de muito concreto daí.
(Parêntese que explica: Não posso ser dos mais pró-ativos,a questão é que a incompreensão me leva mesmo é a inação total e completa.E destruidora,de certa maneira).
Assim é que estou por agora.O tal do "momento abissínio" parece ter sido pouco mais que uma ilusão(digo parece,porque me equivoco com a mesma facilidadade com que deduzo e imagino).Mas a volubilidade pode explicar muito disso tudo e eu hesito e espero um pouco...
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Eu hesito e continuo não entendendo.Isto me chateia bastante.Eu espero que eu comece a compreender.Para não ficar parado.E diminuir.

olhando,olhando,olhando

Depois que eu achei que tinha montado o tal do quebra-cabeça,parece que estava errado.Todas as peças fora de lugar,montando outra imagem.Foi aí que veio um "momento abissínio",ou ao menos assim achei.Acho que eu estava errado de novo.Deixa eu ficar olhando ali e ali e ali.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

aqui rondamos...

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/t/tse03.htm
http://vagalume.uol.com.br/b-r-m-c-black-rebel-motorcycle-club/howl.html

é mais ou menos por aí.

Quarta-feira de cinzas

Um quebra-cabeça que me vem agoniando há alguns dias desde o começo do ano está quase pronto,faltam umas poucas peça,na verdade,mas o resultado já está feito:é como um gatilho que dispara a explosão de uma casa,construída com algum denodo e encanto,mas que já está sendo destruída.É inevitável e não posso fazer nada mais do que manter a fleuma britânica,ajeitar meu fraque,minha cartola,avisar ao mordomo que o coche tem de partir antes que alguma poeira caía no meu traje impecável.Ops,caiu um pouco de poeira aqui,deixe-me ir,sim,sim.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

um texto bastante confuso

...é como se alguém viesse a você e dissesse: "Você consegue me levar mais longe?".Vem a você ao mesmo tempo em que está ali sentada(essa pessoa naturalmente é do sexo feminino),de braços cruzados,com uma cara enfezada,a cara enfezada mais absoluta e mais bonita do mundo,sem murmurar nada mais do que um muxoxo ou um "que idiota".
A parte mais bonita do "Mundo de Andy" é uma cena que está entre as "deletadas" no DVD,sem iluminação adequada e sem legenda na qual ele ao lado de uma mulher(se não me engano um interesse romântico frustrado) e ao ouvir a moça fazer uma espécie de ode ao pôr-do-sol,ele simplesmente algo do tipo:

"Eu não entendo,nunca entendi"
Ela: "O quê?"
Andy: "Porque as pessoas acham o pôr-do-sol bonito..."

Não é bem isso,mas é algo desse tipo e não sei porque diabos a resposta que veio em minha cabeça também era uma pergunta("acho que são as cores,que não chegam a ser tristes,mas são assim estranhas-as pessoas gostam de ver o pôr-do-sol e olhar todas essas coisas do céu meio que em silêncio,não?ao menos é assim que imagino...),mas eu sei bem que vi uma beleza naquele trecho,uma beleza tanto óbvia,é verdade,nem por isso inferior.Era uma espécie de definição perfeita do que era Andy Kaufman(para quem fez o roteiro e dirigiu o filme,com certeza),alguém estranho,com um senso de humor tonto,quase constrangedor,cabisbaixo e difícil de ser entendido.Acho que ele não poderia levar alguém a lugar algum,a não ser os que as piadas que ele fazia poderiam levá-lo.Nem ele mesmo parecia deter algum controle sobre aquilo tudo.

Agora eu sou um pouco Andy Kaufman,mesmo sem ter visto "Taxi" ou qualquer outra coisa com ele.

domingo, 8 de janeiro de 2006

O inferno é o desprezo-mais do que o ódio,é o desprezo.

Mas eu posso ouvir: "Não se desespere,não se desespere".

sábado, 7 de janeiro de 2006

Você é pessimista?

Se alguém viesse me perguntar,dessas perguntas que se fazem ou no elevador(mentira,nem fazem,no elevador é no máximo um "Que horas são?") ou quando não se tem o que perguntar na faculdade ou mesmo em qualquer dessas conversinhas mantidas nem com tanta intimidade assim em qualquer lugar possível,por mil raios!,na Ladeira da Montanha madrugada adentro,maravilha,maravilha,se alguém viesse me perguntar: "Você é pessimista?",eu responderia "não" provavelmente.
Esse tipo de pergunta é aquela que prensa o pobre interlocutor(que no caso,seria eu) contra uma parede imaginária e por mais que tenha sido perguntada com o maior afeto do mundo,com uma expressão quase aparvalhada de tanta amenidade que expressa,soa como se o inquirente estivesse apontando o dedo em sua cara e gritasse: "VOCÊ É PESSIMISTA?" "VOCÊ É FELIZ?"
É uma situação constrangedora,mas inevitável e nem estou reclamando que ocorra.Muitas situações constrangedoras são a salvação da humanidade,o que seria da humanidade se não houvesse aquela situação em que um pobre garoto está lá abraçado com sua amiga e chega um "alegrão" a perguntar: "E esse namoro,sai quando?".Nossa,a humanidade reproduz-se pelo constrangimento,os bons sentimentos desenvolvem-se pelo constrangimento e quem sou eu,bobinho,pra reclamar disso? Reclamo não,acho até bom.Mas eu falava de pessimismo.
Minha resposta seria "não",muito pelo constrangimento,para não soar até malvado demais(apesar de que parecer malvado é uma das qualidades fundamentais à quem queira sobreviver sem ser importunado) mas há muito de verdade nisso também.Não consigo conceber pessimismo sem o suicídio logo ali ao lado ou ao menos uma pessoa rabugenta,amarga,ranzinza,quando não violenta e chata.Suicídio é coisa para gente muito corajosa,pouco asseada(é sangue demais,é sujeira demais) ou desesperada(não se inclua aqui os fãs do My Chemical Romance ou,sei lá,do Legião Urbana).É uma decisão muito "total"(definitiva?) e/ou irreversível.As outras qualidades não são muito...auspiciosas,então é muito irritante se qualificar pessimista.Sempre há uma ponta de esperança.E por mais que eu possa pensar "Nossa,isso vai dar errado" ou "Me lenhei,me lenhei"(essa é a expressão da 'vida real'),ao mesmo tempo vem-me à cabeça o pensamento exatamente oposto,o "Vai ser ótimo",o "Que massa,vai ser massa".
Então, não posso dizer que sou exatamente um pessimista,embora não seja exatamente um "tudo vai dar certo,Brasil,ó meu Brasil!".Mais ou menos o caminho do meio(oops),o que não quer dizer que seja um não-caminho ou uma não-opinião.E se o Zé da Conceição ou a Shirley Maria do nada me perguntar no ônibus: "Você é pessimista?" Eu vou olhar pra ele,dar aquela risada meio envergonhada,baixar a cabeça,olhar meus pés,olhar para ele de novo e antes dessa última olhada,posso dizer: "Não,não,eu não...".

Auto-crítica é tudo.

Nerd de merda,nerd de merda.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

"tabaréu da roça"



Eu até sei onde estou em boa parte da cidade do Salvador,mas não me peça para entrar em lugares,mostrar como chegar a tal e tal lugar,se entra à direita ou à esquerda e todo esse tipo de coisa que envolva boa memória e senso de direção.Alguém aí me dá um mapa?

escravo

Filho da Pátria Iludido
Gabriel Pensador

"Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos Eu fico puto Eu fico louco Eu fico logo mordido Porque se fosse um americano eu já não ia gostar Mas o pior é brasileiro quando cisma de usar Uma jaqueta ou uma camiseta com aquela estampa D'aquela porra de bandeira azul vermelha e branca! Eu não suporto ver aquilo no peito de um brasileiro Me dá vontade de manchar tudo de vermelho Vermelho sangue Do sangue do otário Que não soube escolher a roupinha certa no armário E saiu de casa crente que tava abafando Eu vô tentar me segurar mas eu não tô mais agüentando!!Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (cores dos States com as estrelas e as listras)Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (não somos patriotas nem nacionalistas)Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (como Tio Sam sempre quis)Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (amigo vai nessa que tu tá é fudido)E ele saiu de casa crente que tava abafando Eu fico puto Eu fico triste Eu fico quase chorando De pena de raiva de tristeza de vergonha Quando eu vejo esses babacas esses panacas esses pamonhas Que têm coragem de ir pra rua com boné ou camiseta Com as cores da bandeira mais nojenta do planeta! Tem azul com estrelinha Tem branquinho e tem vermelho O filho da pátria é burro cego ou a casa dele não tem espelho? Eu acho que é burro mesmo Coitado Sem rumo sem governo totalmente alienado Bitolado do tipo que acredita no enlatado Que passou no Supercine desse sábado passado Eu tento me controlar conto até dez respiro fundo Ô filho da pátria é assim que cê pensa que vai chegar no 1º mundo? Vestindo essa bandeira de outro povo Vestindo essa roupa escrota de submisso baba-ovo Que vergonha que vexame que tragédia que fiasco: O enforcado desfilando com a bandeira do carrasco! Condenado Parece que merece a morte Me enraivece um colonizado usar a bandeira da metrópole! E não espere eles invadirem a Amazônia Pra saber que não passamos de uma mísera colônia Em pleno século vinte e um beirando o ano dois mil Por essas e outras devemos usar a bandeira do Brasil E lutar por um país fudido No quadro internacional Tira a camisa dos Estados Unidos seu débil mental!RefrãoI'm an American and I'm pround of my flag But Gabriel is my friend and I understand what he said You gotta have personality keep your own nationality Look at yourself Try to live your reality And maybe we will all have just one nation some day But now use your own flag let me be USA Each one has his own country but life is way above We aint't talking about hate It's all about love... Amigo cê tá perdido enganado iludido Já devia ter sabido o que são os Estados Unidos Um país infeliz O mais hipócrita da terra Malucos suicidas e imbecis que adoram guerra Misturados num lugar cheio de farsa e preconceito Me diz porque essa merda de bandeira no seu peito? O quê que cê quer dizer quando veste uma camisa exaltando as belas cores dos opressores que te pisam? O quê que cê quer passar pra pessoa que olhar pro seu peito e num entender de que lado você tá? Mas não precisa responder Cê tá do lado de baixo Você é uma fêmea no cio e o Tio Sam é o seu macho Você é o capacho dos norte-americanos Por isso ainda acho que existe algum engano Porque eu não me rebaixo a passear vestido Com a roupa do inimigo: os Estados Unidos "


Em um texto anterior-e com bastante parênteses- eu já havia falado da miséria que é esse nacionalismo de propaganda.Na verdade, eu também combatia o que parece ser o alvo dessa,er...,canção acima transcrita,que viriam a ser os "ignorantes" que desconheceriam uma certa afeição ao conhecimento.Já penso que posso estar enganado quanto à equivalência de ambas as condutas.Enquanto a de um jovem que usa as cores de outro país pode ser no máximo interpretada como estupidez inofensiva, o nacionalismo lelé da culpa pode gerar monstros do tipo que é essa letra desse tosco "rapper" brasileiro.Ele fala de enlatados ali em cima.Como se seus discos não fossem alimentados pela mesma indústria cultural que gera os filmes americanos.Como se o ritmo em que ele canta não fosse ele próprio gerado no "país hipócrita".Afora a quantidade de disparates, de tontices (colônia, opressores, suicidas, por Deus!,essa letra é um absurdo) que esse negócio a que o "rapper" chama de letra contém,ainda se pode notar o sentimento mais destrutivo que um indíviduo pode ter:o ressentimento.
É a genuína "moral do escravo”, a moral do ódio.Essa é a moral que não leva à liberdade de forma alguma.O escravo que odeia seu senhor não ganha atestado de pureza por seu ódio ser reverso e uma contraparte que anule a submissão imposta pelo senhor.O máximo que o escravo ganha é uma cadeia ainda maior, é uma algema ainda maior.Se Gabriel Pensador realmente quisesse que o Brasil fosse um país melhor poderia estar estudando ou compondo alguma música realmente interessante.Se ele fosse honesto consigo mesmo, sairia da major que o abriga e estaria numa gravadora independente e totalmente brasileira.Mas ele não é honesto. É apenas um pisoteado.Por sua própria consciência.

PS: Deve ter alguma coisa de Nietzche neste texto, apesar de eu nunca ter lido o bigodudo diretamente.È sempre bom atribuir o crédito.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2006

blagh

*Gastei cerca de 100 reais hoje,sobretudo com livros.No mínimo,eu gastar 100 reais de vez é esquisito.Dá até uma preocupação.
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*O post de Rodrigo da briga entre Gullar e um secretário do MinC é uma das coisas mais engraçadas da internet-tão engraçado quanto as brigas entre os jornalistas musicais da comunidade da BIZZ no orkut.
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*Não leio jornais(mesmo na internet) desde 31 de dezembro.Claro que sempre dou uma olhada por alto nas notícias,ainda assim não estou reunindo paciência para tal.Hai ai.
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*O calor aqui em Feira tá muito bonito.O sol que fez hoje foi coisa de,hum...,verão.E não reclamo não, que eu prefiro sol e calor a chuva e frio.
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*Se eu conseguir estudar Alemão,Latim e Português,além de algumas leituras e das próprias matérias da faculdade,juro que me amarei.
De resto,estou bastante confuso e não consigo articular muitos pensamentos coerentes para que a confusão se dissipe.Assim...
Dizem que quando a gente quer fazer com que algo ruim saia da cabeça,devemos falar continuamente de outras coisas.Falar e fazer outras coisas.Não consigo fazer isso não.Incompetente até nisso.Não estou me lamentando não,calma.Este é um post metalinguístico.

PS:Metalinguagem só me lembra Mafalda.Mafalda em gramáticas escolares.Tsc.
PS2:O texto anterior bateu o recorde de parênteses.Mas é que botar notas de rodapé em um blog seria feio,muito feio.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Alguma confusão,muita vontade,medo,incompreensão,tédio,sono quando deveria estar lendo,sensação de dever não cumprido...O ano já começou mesmo.

sobre orgulho nacional

Orgulho nacional é uma coisa muitas vezes idiota.Não ter esse orgulho pode ser tão idiota quanto.Por "Orgulho" entendo um certo sentimento pelo país (apesar de que nem sempre uma nação é um país e esses conceitos são mais fluidos do que qualquer outro fluido o qual eu não sei o nome por não lembrar ou por não saber mesmo) que resulta em ações de proteção, esta por sua vez baseada em repúdio ao que não vem da comunidade determinada, ao que é vindo de outras nações, portanto, entre outras ações, todas com a similaridade de serem constituídas fundamentadas na preservação e na imutabilidade da cultura nacional.
São por demais óbvios os efeitos nocivos do orgulho: Primeiro, o enferrujamento da cultura que deveria ter sido preservada, uma vez que cultura (e uso o termo num sentido bastante amplo, de tudo que é produzido pelos humanos das comunidades) não sobrevive sem trocas (e já posso ver quem negue isso e demonstrar com algum exemplo da comunidade judaica, o que é falso, por mais que haja um núcleo constante na cultura-e em toda cultura há- não se deve subestimar a influência das mais variadas culturas no seio dos judeus) ou sobrevive muito mal,sem apresentar respostas aos humanos que a procuram(talvez haja aí uma visão funcional da cultura).
Ainda nos efeitos negativos, está uma visão intolerante de não reconhecer pontos positivos no que vem de outras sociedades (É importante não confundir o que chamo aqui de intolerância com uma passividade que aceita todo tipo de barbaridade como algo normal de qualquer outra cultura.Não é nada disso).
A tal falta desse orgulho pode ser tão desastrosa quanto a presença daquele quando vem acompanhada de uma postura ignorante,que desconhece qualquer forma de produção de conhecimento que não a que esteja facilmente acessível ou que apresente qualquer forma de aceitação entre pequenos grupos aos quais se possa pertencer-falo de subgrupos nas próprias sociedades ou ainda,que esteja ao gosto do freguês.Reduz-se a condição individual de busca de conhecimento e de aprimoramento mental a mera questão de querer, achar “legal” ou que tais.Na verdade, essa falta de orgulho pode ser ainda mais que isso: Simplesmente um limbo, um não-pensar em temas desse tipo.
Os que se orgulham acabam presos em uma forma precária de segurança e limitam sua individualidade ao “espírito da nação” e os que se opõem a isso, a pretexto de desconsiderar o assunto como menos importante, acabam por esquecer o que é mesmo a questão, ainda importante.
Exemplificando: Um “orgulhoso” de sua condição provavelmente nega a inclusão de expressões vindas de um idioma estrangeiro (ou as tenta reduzir ao máximo) e nega ainda a adoção de instrumentos musicais ou de análise-estes seriam próprios de cada país, sem possibilidade de serem transferidos ao outro,o que pode parecer sensato de um lado,mas acaba tendo conseqüências absurdas e que travam o pensamento.Claro que não trato a expressão dos orgulhosos como uma ameaça destruidora e/ou inevitável para quem possa debruçar-se sobre sua condição de “nacional” com um tanto de admiração e com uma “vontade de grandeza”,algo muito belo aliás na construção de uma civilização,assim como não trato todos os “orgulhosos” como iguais entre si.Não é porque alguém se orgulha de ser brasileiro que ele é necessariamente um xenófobo, apoiador dos projetos de Aldo Rebelo e do discurso chinfrim de qualquer líder que se apresente com os símbolos nacionais ao fundo. Alerto, pelo outro lado, os que renegam a “condição de nacional” como alguma coisa desprezível ou tola, porque acho que esta condição é inevitável.Ainda que um jovem urbano brasileiro seja totalmente apaixonado por algumas esferas da cultura popular norte-americana, por mais que tente se comunicar com o máximo de termos em inglês possível, por mais que ele tente parecer um norte-americano, ele ainda é um brasileiro.Mesmo que escreva poesias somente em inglês e em um exemplo, por absurdo, decida somente se comunicar em língua estrangeira, ele ainda será um brasileiro.As sensações, percepções, a visão de mundo, por mínima que seja a vontade do indivíduo, e mesmo que por “ato falho” trairão esta “desnaturalização”.Não admito aqui que negue a total impossibilidade dos indivíduos de se portarem livremente, ao contrário.Reconhecer a condição de nacional é uma forma de aperfeiçoar a consciência de si mesmo e de produzir mais cultura(talvez aqui esteja uma visão funcionalista do ser humano,que não seria alterada se o verbo fosse substituído por viver,uma vez que viver seria ainda uma função atribuída à existência...)