quinta-feira, 26 de julho de 2007

o rancor é o que mantém o homem vivo

Não é o amor. Este só constrói, dá base, é o sustento e a fibra. Não é a vontade, que só impulsiona, nem o medo, que só alerta. O que mantém o homem vivo é o ódio, a raiva. O rancor por algum mal feito é o que faz com que o homem distinga o quente do frio, o claro do escuro, Ele daquele.
O rancor não é o fundamento da moral, mas é o reflexo de que existe algo mais do que uma caixa vazia, que há um homem, que existe um limite que não deve ser ultrapassado.

Esquecer disso é tomar tapas.

terça-feira, 24 de julho de 2007

bomba A

Ter um blog sem muitas certezas é quase um erro. É difícil escrever sem estar certo, sem, melhor dizendo, sentir-se certo de alguma coisa. É importante ter aquele núcleo mínimo de certeza que leva o A e o B a um lugar. Ok, um texto com 100 por cento de certezas é um absurdo, é horrível e irritante. Mas ao menos é um texto. O nada que fica na cabeça de quem tem dúvida de tudo é uma hecatombe particular.

terça-feira, 12 de junho de 2007

prelúdios e noturnos

Perder horário dormindo e acordar cansado só não é pior do que perder motivação. Adiante!

segunda-feira, 21 de maio de 2007

poeira

Lembro de ter ficado bastante irritado quando descobri que o mar era infinito. Quer dizer, sei, o mar tem fim, só é difícil de contar, de medir e do infinito eu só conheço um sinal matemático(acho), mas eu fiquei muito chateado quando descobri que ali, depois daquele mundo de retângulo, ainda tinha água, e os barcos não despencavam como em uma cachoeira.
Passei um tempo tentando entender como é que a terra era redonda sendo que as coisas ficavam todas grudadas ao chão, até que me explicaram tudo.
Não sei se isso é memória ou se criei, tal qual a idéia de que aos 2 anos de idade, peguei o volante de um Fusca, engatei a ré e quase destrocei o carro no portão. Acho que meu pai é que parou o carro- e eu não sei se eu estava com a camisa de Collor- dois eles feios no meio.
Quando eu era um pouco mais velho, eu simpatizei com João Durval, talvez pelas orelhas grandes parecidas com as minhas, talvez só para contrariar a família, que estava enchendo o saco com aquele velho abobado, centralista e maquiavélico- mas aí eu acabei achando que a barba preta de Lula era alguma coisa.
Lembro também de uma banca de revistas velhas, que existe até hoje- e não era um sebo, não é um sebo.
Ah, e eu olhava para o sol e via um negócio tipo um radar, e achava que eu era um herói.
É como se o diabo soprasse no ouvido algo como "Você perdeu". Mas sempre tem alguma coisa que vai te fazer abrir os olhos, mesmo com todo o sono, caminhar, mesmo com toda a preguiça, tomar um transporte, mesmo com toda a imbecilidade de não ser autônomo, e sair por aí. Alguma coisa como um ferro que segura o olho ou como um morango no lugar da carne.

Acho que são os papéis.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

este é o suicídio moderno

Correr, correr, correr, correr e não fazer nada.

segunda-feira, 19 de março de 2007

sobre a areia, sobre a neve

O maior legado que um homem pode deixar a seu filho é o amor à liberdade. A vontade, mais do que uma expectativa de um direito, de se fazer o que quiser, sem objeções, desde que não cause mal a terceiros, é o maior tesouro que uma mente pode ter. Somente o homem livre pode arcar com as conseqüências dos seus atos, ainda que estas não sejam tão prazerosas. Ser livre boa parte das vezes não é um mero deleite ou prazer, podendo ser encarado como um fardo até. Quando digo que não é mero deleite, não digo que não seja benéfico. Ser livre é bom e em si só já constitui um prazer supremo, embora nem sempre seja visto como tal. Toda vez que um peso, um vergalhão assume as costas do homem, que paga por suas escolhas, a vontade de fraquejar é imensa. É o lado escravo gritando.
A positividade da escolha, conquanto limitada por circunstâncias, é das maiores realizações de um homem na vida. O produto da escolha, o produto de uma vida de escolhas e de luta é mais recompensador do que milhares de premiações vinda do nada.
A liberdade não é somente um direito. É mais do que isso. O homem verdadeiramente livre tem de brigar pelo que quer. Acrescento ao dito que só é pleno quem faz um filho, escreve um livro e planta uma árvore o seguinte feito: Só se é pleno quando se ensina a liberdade a um infante.