segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

sobre orgulho nacional

Orgulho nacional é uma coisa muitas vezes idiota.Não ter esse orgulho pode ser tão idiota quanto.Por "Orgulho" entendo um certo sentimento pelo país (apesar de que nem sempre uma nação é um país e esses conceitos são mais fluidos do que qualquer outro fluido o qual eu não sei o nome por não lembrar ou por não saber mesmo) que resulta em ações de proteção, esta por sua vez baseada em repúdio ao que não vem da comunidade determinada, ao que é vindo de outras nações, portanto, entre outras ações, todas com a similaridade de serem constituídas fundamentadas na preservação e na imutabilidade da cultura nacional.
São por demais óbvios os efeitos nocivos do orgulho: Primeiro, o enferrujamento da cultura que deveria ter sido preservada, uma vez que cultura (e uso o termo num sentido bastante amplo, de tudo que é produzido pelos humanos das comunidades) não sobrevive sem trocas (e já posso ver quem negue isso e demonstrar com algum exemplo da comunidade judaica, o que é falso, por mais que haja um núcleo constante na cultura-e em toda cultura há- não se deve subestimar a influência das mais variadas culturas no seio dos judeus) ou sobrevive muito mal,sem apresentar respostas aos humanos que a procuram(talvez haja aí uma visão funcional da cultura).
Ainda nos efeitos negativos, está uma visão intolerante de não reconhecer pontos positivos no que vem de outras sociedades (É importante não confundir o que chamo aqui de intolerância com uma passividade que aceita todo tipo de barbaridade como algo normal de qualquer outra cultura.Não é nada disso).
A tal falta desse orgulho pode ser tão desastrosa quanto a presença daquele quando vem acompanhada de uma postura ignorante,que desconhece qualquer forma de produção de conhecimento que não a que esteja facilmente acessível ou que apresente qualquer forma de aceitação entre pequenos grupos aos quais se possa pertencer-falo de subgrupos nas próprias sociedades ou ainda,que esteja ao gosto do freguês.Reduz-se a condição individual de busca de conhecimento e de aprimoramento mental a mera questão de querer, achar “legal” ou que tais.Na verdade, essa falta de orgulho pode ser ainda mais que isso: Simplesmente um limbo, um não-pensar em temas desse tipo.
Os que se orgulham acabam presos em uma forma precária de segurança e limitam sua individualidade ao “espírito da nação” e os que se opõem a isso, a pretexto de desconsiderar o assunto como menos importante, acabam por esquecer o que é mesmo a questão, ainda importante.
Exemplificando: Um “orgulhoso” de sua condição provavelmente nega a inclusão de expressões vindas de um idioma estrangeiro (ou as tenta reduzir ao máximo) e nega ainda a adoção de instrumentos musicais ou de análise-estes seriam próprios de cada país, sem possibilidade de serem transferidos ao outro,o que pode parecer sensato de um lado,mas acaba tendo conseqüências absurdas e que travam o pensamento.Claro que não trato a expressão dos orgulhosos como uma ameaça destruidora e/ou inevitável para quem possa debruçar-se sobre sua condição de “nacional” com um tanto de admiração e com uma “vontade de grandeza”,algo muito belo aliás na construção de uma civilização,assim como não trato todos os “orgulhosos” como iguais entre si.Não é porque alguém se orgulha de ser brasileiro que ele é necessariamente um xenófobo, apoiador dos projetos de Aldo Rebelo e do discurso chinfrim de qualquer líder que se apresente com os símbolos nacionais ao fundo. Alerto, pelo outro lado, os que renegam a “condição de nacional” como alguma coisa desprezível ou tola, porque acho que esta condição é inevitável.Ainda que um jovem urbano brasileiro seja totalmente apaixonado por algumas esferas da cultura popular norte-americana, por mais que tente se comunicar com o máximo de termos em inglês possível, por mais que ele tente parecer um norte-americano, ele ainda é um brasileiro.Mesmo que escreva poesias somente em inglês e em um exemplo, por absurdo, decida somente se comunicar em língua estrangeira, ele ainda será um brasileiro.As sensações, percepções, a visão de mundo, por mínima que seja a vontade do indivíduo, e mesmo que por “ato falho” trairão esta “desnaturalização”.Não admito aqui que negue a total impossibilidade dos indivíduos de se portarem livremente, ao contrário.Reconhecer a condição de nacional é uma forma de aperfeiçoar a consciência de si mesmo e de produzir mais cultura(talvez aqui esteja uma visão funcionalista do ser humano,que não seria alterada se o verbo fosse substituído por viver,uma vez que viver seria ainda uma função atribuída à existência...)

Um comentário:

rafael disse...

rapaz,esse post deve ter sido o pior da história dos blogs.o que não deixa de ser um mérito.