sexta-feira, 6 de janeiro de 2006

escravo

Filho da Pátria Iludido
Gabriel Pensador

"Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos Eu fico puto Eu fico louco Eu fico logo mordido Porque se fosse um americano eu já não ia gostar Mas o pior é brasileiro quando cisma de usar Uma jaqueta ou uma camiseta com aquela estampa D'aquela porra de bandeira azul vermelha e branca! Eu não suporto ver aquilo no peito de um brasileiro Me dá vontade de manchar tudo de vermelho Vermelho sangue Do sangue do otário Que não soube escolher a roupinha certa no armário E saiu de casa crente que tava abafando Eu vô tentar me segurar mas eu não tô mais agüentando!!Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (cores dos States com as estrelas e as listras)Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (não somos patriotas nem nacionalistas)Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (como Tio Sam sempre quis)Quando eu vejo um filho da pátria com a camisa dos Estados Unidos (amigo vai nessa que tu tá é fudido)E ele saiu de casa crente que tava abafando Eu fico puto Eu fico triste Eu fico quase chorando De pena de raiva de tristeza de vergonha Quando eu vejo esses babacas esses panacas esses pamonhas Que têm coragem de ir pra rua com boné ou camiseta Com as cores da bandeira mais nojenta do planeta! Tem azul com estrelinha Tem branquinho e tem vermelho O filho da pátria é burro cego ou a casa dele não tem espelho? Eu acho que é burro mesmo Coitado Sem rumo sem governo totalmente alienado Bitolado do tipo que acredita no enlatado Que passou no Supercine desse sábado passado Eu tento me controlar conto até dez respiro fundo Ô filho da pátria é assim que cê pensa que vai chegar no 1º mundo? Vestindo essa bandeira de outro povo Vestindo essa roupa escrota de submisso baba-ovo Que vergonha que vexame que tragédia que fiasco: O enforcado desfilando com a bandeira do carrasco! Condenado Parece que merece a morte Me enraivece um colonizado usar a bandeira da metrópole! E não espere eles invadirem a Amazônia Pra saber que não passamos de uma mísera colônia Em pleno século vinte e um beirando o ano dois mil Por essas e outras devemos usar a bandeira do Brasil E lutar por um país fudido No quadro internacional Tira a camisa dos Estados Unidos seu débil mental!RefrãoI'm an American and I'm pround of my flag But Gabriel is my friend and I understand what he said You gotta have personality keep your own nationality Look at yourself Try to live your reality And maybe we will all have just one nation some day But now use your own flag let me be USA Each one has his own country but life is way above We aint't talking about hate It's all about love... Amigo cê tá perdido enganado iludido Já devia ter sabido o que são os Estados Unidos Um país infeliz O mais hipócrita da terra Malucos suicidas e imbecis que adoram guerra Misturados num lugar cheio de farsa e preconceito Me diz porque essa merda de bandeira no seu peito? O quê que cê quer dizer quando veste uma camisa exaltando as belas cores dos opressores que te pisam? O quê que cê quer passar pra pessoa que olhar pro seu peito e num entender de que lado você tá? Mas não precisa responder Cê tá do lado de baixo Você é uma fêmea no cio e o Tio Sam é o seu macho Você é o capacho dos norte-americanos Por isso ainda acho que existe algum engano Porque eu não me rebaixo a passear vestido Com a roupa do inimigo: os Estados Unidos "


Em um texto anterior-e com bastante parênteses- eu já havia falado da miséria que é esse nacionalismo de propaganda.Na verdade, eu também combatia o que parece ser o alvo dessa,er...,canção acima transcrita,que viriam a ser os "ignorantes" que desconheceriam uma certa afeição ao conhecimento.Já penso que posso estar enganado quanto à equivalência de ambas as condutas.Enquanto a de um jovem que usa as cores de outro país pode ser no máximo interpretada como estupidez inofensiva, o nacionalismo lelé da culpa pode gerar monstros do tipo que é essa letra desse tosco "rapper" brasileiro.Ele fala de enlatados ali em cima.Como se seus discos não fossem alimentados pela mesma indústria cultural que gera os filmes americanos.Como se o ritmo em que ele canta não fosse ele próprio gerado no "país hipócrita".Afora a quantidade de disparates, de tontices (colônia, opressores, suicidas, por Deus!,essa letra é um absurdo) que esse negócio a que o "rapper" chama de letra contém,ainda se pode notar o sentimento mais destrutivo que um indíviduo pode ter:o ressentimento.
É a genuína "moral do escravo”, a moral do ódio.Essa é a moral que não leva à liberdade de forma alguma.O escravo que odeia seu senhor não ganha atestado de pureza por seu ódio ser reverso e uma contraparte que anule a submissão imposta pelo senhor.O máximo que o escravo ganha é uma cadeia ainda maior, é uma algema ainda maior.Se Gabriel Pensador realmente quisesse que o Brasil fosse um país melhor poderia estar estudando ou compondo alguma música realmente interessante.Se ele fosse honesto consigo mesmo, sairia da major que o abriga e estaria numa gravadora independente e totalmente brasileira.Mas ele não é honesto. É apenas um pisoteado.Por sua própria consciência.

PS: Deve ter alguma coisa de Nietzche neste texto, apesar de eu nunca ter lido o bigodudo diretamente.È sempre bom atribuir o crédito.

3 comentários:

Anônimo disse...

claro que essa letra não existe. tu que inventou né, sacana?

rafael disse...

queria eu que isso fosse verdade.

Anônimo disse...

Nunca ouvi falar dessa letra não....muito grande para uma música..porém rap é rap!Eu até gosto de Gabriel o pensador,às vezes ele é inteligente...se bem q essa última música...fala sério...deixasse o renato russo quieto na dele!
Quanto ao seu texto...pelo pouco que aprendi com o mestre Mafra,rola influência de "Níti"(gostou da simplificação?)aí sim!Essa relação senhor X escravo,Bom X Mal,Fraco X Forte é criticada por "Níti" !