sábado, 4 de fevereiro de 2006

O "affair" da Jutlândia


Liberdade de expressão deve ser um dos temas mais espinhosos a se discutir.A tolerância,o choque entre o direito de manifestar e o do outro não ser ofendido,tudo isso sempre leva a perplexidades e momentos nos quais se deve decidir o que fazer para que as sociedades abertas assim se mantenham(Quando digo "sociedade aberta",já excluo ditaduras,ok?). Envolvendo religiões,muitas vezes a questão da liberdade de expressão ainda é mais complicada(ainda que eu ache que a tolerância religiosa deve seguir as mesmas balizas daquela política).
Este caso da Dinamarca(http://www.brusselsjournal.com/node/698) é um exemplo. Não tenho opinião firme sobre o assunto(se há mesmo um direito à blasfêmia,incluído nas liberdades democráticas),mas tendo a me pôr ao lado dos que defendem mais liberdade e que não vimos erro em publicar as charges dinamarquesas..
Claro que a liberdade de expressão não é absoluta, se tomarmos que os limites dados a mesma estão nas leis.Por outro lado,não existe lei que pronta vá nos dar uma resposta exata,concreta a problemas reais(Isso é IED I, mas ninguém precisa ver aquela matéria pra perceber isso).Neste caso da Europa,se põem de um lado os islamitas,que pretendem ter sua religião respeitada e não aceitam que o profeta,Maomé,seja representado,ainda mais de forma considerada desrespeitosa.De outro,chargistas,que escusados pelo direito à livre expressão e crítica,fizeram charges provocativas.
Há quem diga que as charges são uma estupidez e que foram intencionalmente provocativas,além de ofensivas,o que fere o direito alheio.Isso é muito fácil de ver pelas charges,mas os problemas da liberdade de expressão residem justamente no limiar entre o que deve ser aceito ou não(vamos lembrar das charges da Hustler referindo-se a um padre...).Nos EUA,no geral,a liberdade é tão irrestrita que permite a racistas se manifestar mais abertamente do que em boa parte do mundo,talvez,o mesmo valendo pra grupos pró-gays ou feministas,etc,etc...No resto do mundo,existe uma proibição em menor ou maior grau,principalmente em relação a nazistas, anti-semitas e racistas,o que invalida os que pretendem a maior liberdade possível.
A questão maior ainda permanece: Por que se poderia criticar um político,tachando-o de nazista(ou de "palerma", ou de "picolé de chuchu", ou de "ladrão") e não se pode o mesmo com o profeta de uma religião? Ainda mais se já existe filmes e outros produtos que fazem humor ou troça em outros símbolos religiosos que não os do Islã? Imagino que a resposta coerente ou tolere o máximo possível ou seja o contrário,repudie essas "liberdades",de modo que já não exista algo que por muito diferente,só pelo nome possa ser identificado como "liberdade de expressão".
Não ofereço respostas e possivelmente ainda volte a esse tema depois,mas uma certeza posso exprimir: Não é com fatwas , queimando a bandeira da Dinamarca e com ameaças de convulsões,incêndios e até assassinatos que haverá respeito.

PS: Claro que faço distinção entre islamitas radicais e moderados,coisa que não fiz no texto.Só para constar.

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