sábado, 11 de fevereiro de 2006

dois mil e seis



Lula tem muita chance de ser reeleito.Se eu fosse um apostador contumaz,cravaria o nome dele como presidente a partir de 07 sem pestanejar.A oposição ainda não se deu conta disso e demonstra muita incompetência na articulação das eleições em outubro deste ano.Enquanto o governo encontrou seu plano de vôo,a oposição parece nem saber se vai de avião ou de outro meio de transporte.Podem pegar uma carroça,numa derrota que seria histórica dada a crise política iniciada em 05.
Quando o PT ganhou as eleições de 02 e rompeu definitivamente com seus 2o anos de projeto* "contra tudo isso que está aí",tomou de empréstimo as linhas mestras do que o PSDB fazia no governo.Isso convulsionou (silenciosamente,é bem verdade) o cenário político nacional porque reorganizou as forças que disputam o poder. O PSDB ao ter seu programa de governo ,de centro-esquerda**,tomado pelo PT,ficou sem discurso. Congestionado ficou o campo dos que defendem a intervenção estatal como melhor remédio para sanar desigualdades sociais e os problemas sociais e econômicos do país em geral.O partido de Serra,FHC,Jereissati,etc... não percebeu e/ou não conseguiu se mobilizar à altura do desafio que foi posto: Desenvolver novos projetos que o diferenciasse do PT.
Esses projetos não poderiam ser mais à esquerda,uma vez que os movimentos sociais,sindicatos e assemelhados serviram e servem aos interesses do partido atualmente no governo,além de constituirem base histórica do petismo. Uma possibilidade seria uma guinada à direita,propondo medidas de liberalização econômica,por exemplo flexibilização de leis trabalhistas,redução dos impostos,que certamente encontrariam apoio nas classes médias e em parcelas do empresariado, além de outras medidas ,como no campo da segurança pública(ainda bastante menosprezado na política brasileira) e mesmo posições concretas em certos temas "sensíveis,a saber,cotas na universidade, postura quanto ao Banco Central e à política macroeconômica,etc..(Repare que nesses "temas políticos"a postura nem precisaria ser conservadora ou liberal necessariamente,talvez bastasse uma postura firme,que de resto não existe em nenhum partido nacional). Mas o PSDB não apresentou respostas.





Oscilando entre uma oposição tímida e um quase-governismo constrangedor( Palocci deve ter sido mais defendido por tucanos do que por petistas...),só de quando em quando, o partido criticava mais enfaticamente o governo petista.Por mais que a turba petista diga o contrário e se passe de vítima,não foi a oposição que despertou a crise de 05.Foi um racha na base do próprio governo.A oposição,quando muito,serviu para confundir a opinião pública e ajudar o governo( como no caso Azeredo,no qual hesitou tomar qualquer postura que não a defesa tímida e envergonhada).
Essa fraqueza,ademais constante no PSDB,chegou ao ponto de gerar neste começo de 06 um princípio de guerra interna entre os pré-candidatos Serra e Alckmin,que só fortaleceu o governo.Governo este que já se fortalecia com o esfriamento da crise(muito por responsabilidade da oposição,tíbia até em investigar na CPI***) e ainda mais se prepara para as eleições com medidas que,conquanto deficientes,podem gerar muita publicidade( Operação tapa-buracos,aumento do salário mínimo,programa de construção civil,redução de alguns impostos...) .São nestas medidas e mais na comparação das estatísticas do atual governo em oposição aos 8 anos de FHC em que o PT se esteia para deixar Lula lá. Já se pode notar essa atitude inclusive na internet, onde blogs petistas já fazem até quadros comparativos. Não é de hoje que sabemos que "estatística é que nem biquini: revela tudo, menos o essencial",há sim,como a oposição confrontar os dados e sair com um saldo positivo.Há sim como comparar ainda em questões sensíveis como a corrupção e autoritarismo.E mais: Há como avançar no debate,não se restringindo a um mero embate entre números, numa discussão do que fazer a partir de agora.Há uma avenida aberta à oposição,desde que esta resolva fazer política de verdade,e não ficarem a reboque da agenda lulista. Sabe-se que quem dita a agenda tem muito mais chances de ganhar(a reeleição de Bush foi a prova disso).Quer dizer,a oposição parece não saber.E corre o risco de ficar na carroça.

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*Era mais uma negação do que um projeto propriamente dito.Esse traço ainda permanece,de certa maneira.
**O partido de FHC não é um antro de neoliberais ferozes,quem diz isso não sabe o que realmente desejam os neoliberais.Fazer política de mercado não é se tornar um direitista,certo ,esquerda européia?Isso,porém,não significa que no governo,os tucanos não deram uma guinada à direita,deram sim.)
***Há quem diga que a oposição falhou em investigar por "rabo preso".Não duvido que haja envolvidos em casos de corrupção nos partidos não governistas.Isso,porém,não justifica a incompetência em se articular politicamente.

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