domingo, 11 de março de 2007

Quebra-cabeça

Nesta semana que passou, saiu uma notícia dizendo que não sei quantos exabytes foram produzidos e armazenados no último ano e que isto significa umas seis vezes tudo que havia sido armazenado em conhecimento até o século XIX( se a notícia não é bem essa, o espírito é este, ou seja, hoje se produz e armazena muitíssimo mais informação do que em toda a história da humanidade).
Ora, isso não é novidade. Em um processo intensificado nos últimos 10 anos(e amplificado de forma brutal nos últimos 4- e contando...), qualquer guri pode gravar sua voz, suas conversas em chats, ou mesmo conversas "tradicionais"(basta um mp3 player com gravador, que custa quaisquer 50 reais em um china da vida) e assim ampliar o volume de informação do mundo. Ainda pode ter blogs, gravar músicas, filmagens, baixar e mixar clipes, música, e mais uma infinidade de coisas/assuntos/temas, que só contribuem para aqueles exabytes acima referidos.
Não se pode dizer que isso é ruim. Nunca a informação foi tão acessível, pois mesmo a existir enormes problemas para grandes parcelas da população acessarem a rede mundial dos computadores, nunca tantos(em números absolutos e relativos) tiveram o acesso que têm à informação. A pergunta que fica é: Qual informação?
Informação em si não quer dizer nada e pode ajudar em muito a uma relativização brutal dos fatos. O que é mais relevante, a visita de George Bush a São Paulo ou uma reunião de colegas em uma escola ou faculdade no interior do Rio Grande do Sul? A questão do etanol é tão importante quanto uma banda emo internacional em turnê brasileira? Na internet, tudo está a um click e os juízes de relevância(a autoridade, representada pela família, mídia,pelos professores, políticos ou quem quer que tenha- ou tente exercer- exercido esse papel) estão cada vez mais enfraquecidos. Nunca fomos tão capazes de escolher. Por outro lado, sem parâmetros razoavelmente objetivos, aparentemente, esta tarefa nunca foi tão difícil.
A grande busca da Web 2.0(ou 3 ou 4 ou 456, como queiram nomear), os "programas organizadores" que iriam além dos programas de busca, são tentativas de qualificar o que está disseminado de forma caótica pela rede: a informação. É a tentativa de transformar cada um em seu próprio juiz de relevância. Se isto parece a instauração plena do "reino da liberdade" de um lado, por outro, traz um problema: caído o juizo de relevância comum, é possível que haja zonas de encontros entre os juízos de relevância independentes? É possível alguma universalidade entre os mundos e os simulacros de mundo tão díspares quanto existentes na internet?

Essa é a dor de cabeça do milênio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo texto,moço!Continue assim, e um dia quem sabe eu não consigo uma vaguinha para você publicar um texto no Versus.Tem que ter muuuito talento,né?