quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

a grandeza

São Paulo é um susto. Escrever qualquer coisa sobre a cidade é complicado, porque inevitavelmente soa ou deslumbrado ou repetitivo. São Paulo é enorme. Não são só os prédios, mas também a quantidade de gente(e olhe que no Carnaval nem é tão cheio, a cidade fica até "normal"), a quantidade de coisas, de lojas, de ruas e avenidas, de possibilidades, de tudo.
Como eu disse, é inevitável não soar deslumbrado quando se fala de São Paulo. Há a outra hipótese, ranzinza, de lembrar todos os problemas da cidade, de alguma frieza decorrente da vida corrida, da hostilidade gerada pela rotina, pelo cinzento, pelo gigantesco. Esta hipótese é a repetitiva, e é a mais ouvida quando se fala da cidade, até ao ponto de darem uma capa de revista usando o buraco do metrô como metáfora para uma cidade que engoliria a si mesmo- uma figura expressiva, porém ruim, pois assim como a crítica, flerta com o regressismo, com uma idéia de que um lugar que evolui e progride economicamente tem de desrespeitar o passado, a memória, etc.
Andando pelas ruas da cidade, pode-se ver que há sim maneiras e vontade de recuperar a história. Claro que quem não quiser fazer isso pode ficar limitado aos bairros em que trabalha/estuda/vai pro bar, mas onde isso não pode ocorrer. A inveja a São Paulo é muitas vezes a inveja ao progresso, e não o reconhecimento dos problemas e das misérias que existem na cidade.
Natural que o que digo pode ser apenas impressão de quem estava numa cidade quando anormal, num momento atípico quando milhões de pessoas(Jesus, a imagem de milhões de pessoas viajando assusta alguém que morou numa cidade com menos de 1 milhão por 16 anos) haviam saído. Mas a impressão principal de São Paulo é a da grandeza, a de que há um mundo por fazer.
Ainda que incomode um pouco(é só lembrar de que engarrafamentos quilométricos, brutais e avassaladores existem, mesmo que você não tenha presenciado um), a sensação é bastante agradável.

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